Página 44 - Par

Basic HTML Version

40
Parábolas de Jesus
Dói aos servos de Cristo ver misturados na congregação crentes
falsos e verdadeiros. Anseiam fazer alguma coisa para purificar a
igreja. Como os servos do pai de família, estão dispostos a arrancar
o joio. Mas Cristo lhes diz: “Não; para que, ao colher o joio, não
arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até
à ceifa.”
Mateus 13:29, 30
.
Cristo ensinou claramente que aqueles que perseveram em pe-
cado declarado devem ser desligados da igreja; mas não nos confiou
a tarefa de ajuizar sobre caracteres e motivos. Conhece demasiado
bem nossa natureza para que nos delegasse esta obra. Se tentás-
semos desarraigar da igreja os que supomos serem falsos cristãos,
certamente cometeríamos erro. Muitas vezes consideramos casos
perdidos justamente aqueles que Cristo está atraindo a Si. Se devês-
[31]
semos proceder com essas pessoas segundo nosso parecer imperfeito,
extinguir-se-ia talvez sua última esperança. Muitos que se julgam
cristãos serão finalmente achados em falta. Haverá muitos no Céu,
os quais seus vizinhos supunham que lá não entrariam. O homem
julga segundo a aparência; mas Deus vê o coração. O joio e o trigo
devem crescer juntos até à ceifa; e a colheita é o fim do tempo da
graça.
Há nas palavras do Salvador ainda outra lição, uma lição de
maravilhosa longanimidade e terno amor. Como o joio tem as raízes
entrelaçadas com as do bom trigo, assim falsos irmãos podem estar
na igreja, intimamente ligados com os discípulos verdadeiros. O
verdadeiro caráter desses pretensos crentes não é plenamente ma-
nifesto. Caso fossem desligados da congregação, outros poderiam
ser induzidos a tropeçar, os quais, se não fosse isto, permaneceriam
firmes.
A lição dessa parábola é ilustrada pelo proceder de Deus para
com os homens e os anjos. Satanás é um enganador. Ao pecar ele
no Céu, nem mesmo os anjos fiéis reconheceram plenamente seu
caráter. Esta é a razão por que Deus não o destruiu imediatamente.
Se o tivesse feito, os santos anjos não teriam percebido o amor e
a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à bondade de Deus teria
sido como má semente, que produziria o amargo fruto do pecado e
da desgraça. Por isto foi poupado o autor do mal, para desenvolver
plenamente seu caráter. Durante longos séculos, suportou Deus a
angústia de contemplar a obra do mal. Preferiu dar a infinita Dádiva