Página 222 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
Mas o servo de Deus ainda se deixava vencer pelo pensamento
da estranha e maravilhosa obra que diante dele estava. Em sua
aflição e temor, agora alegava como desculpa a falta de uma fala
desembaraçada: “Ah Senhor! eu não sou homem eloqüente, nem de
ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado a Teu
servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua”.
Êxodo 4:10
.
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Durante tanto tempo havia ele estado afastado dos egípcios, que não
tinha um conhecimento tão claro e um uso tão pronto da língua,
como quando estivera entre eles.
O Senhor lhe disse: “Quem fez a boca do homem? ou quem
fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou Eu, o
Senhor?” A isto acrescentou-se outra segurança do auxílio divino:
“Vai pois agora, e Eu serei com a tua boca, e te ensinarei o que hás de
falar”.
Êxodo 4:11, 12
. Mas Moisés ainda rogou que fosse escolhida
uma pessoa mais competente. Estas escusas a princípio procederam
da humildade e retraimento; mas depois que o Senhor prometera
remover todas as dificuldades, e dar-lhe afinal o êxito, qualquer
nova recusa e queixa a respeito de sua inaptidão, mostravam falta
de confiança em Deus. Isto envolvia um receio de que Deus fosse
incapaz de habilitá-lo para a grande obra, para a qual o chamara, ou
de que houvesse Ele cometido um erro na escolha do homem.
Moisés então foi mandado ir ter com Arão, seu irmão mais velho,
que, tendo estado em uso diário da língua dos egípcios, podia falá-la
perfeitamente. Foi-lhe dito que Arão vinha ao seu encontro. As
palavras seguintes do Senhor foram uma ordem positiva:
“Tu lhe falarás e porás as palavras na sua boca; Eu serei com a
tua boca, e com a sua boca, ensinando-vos o que haveis de fazer. E
ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu
lhe serás por Deus. Toma pois esta vara na tua mão, com que farás os
sinais”.
Êxodo 4:15-17
. Moisés não mais poderia opor resistência;
pois todo o motivo de escusa fora removido.
A ordem divina dada a Moisés encontrou-o sem confiança em si,
tardo no falar, e tímido. Sentia-se vencido pela intuição de sua inca-
pacidade de ser o porta-voz de Deus para Israel. Havendo, porém,
aceito o trabalho, deu-lhe início com todo o coração, depositando
toda a confiança no Senhor. A grandeza de sua missão chamava à
atividade as melhores faculdades de seu espírito. Deus lhe abençoou
a pronta obediência, e ele se tornou eloqüente, esperançoso e senhor