Página 227 - Patriarcas e Profetas (2007)

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As pragas do Egito
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eles: “O Senhor atente sobre nós, e julgue isso, porquanto fizestes
o nosso cheiro repelente diante de Faraó, e diante de seus servos,
dando-lhes a espada nas mãos, para nos matar”.
Êxodo 5:17, 21
.
Escutando Moisés estas censuras, ficou grandemente angustiado.
Os sofrimentos do povo tinham aumentado muito. Por todo o país
se erguia um clamor de desespero de velhos e jovens, e todos se
uniam em acusá-lo da mudança desastrosa em sua condição. Com
amargura de alma foi perante Deus, com o clamor: “Senhor, por
que fizeste mal a este povo? por que me enviaste? Porque desde que
entrei a Faraó, para falar em Teu nome, ele maltratou a este povo; e
de nenhuma sorte livraste Teu povo.” A resposta foi: “Agora verás o
que hei de fazer a Faraó; porque por uma mão poderosa os deixará
ir, sim, por uma mão poderosa, os lançará de sua terra”.
Êxodo 5:22,
23
. Novamente foi-lhe indicado o concerto que Deus fizera com os
pais, e assegurou-se-lhe que o mesmo seria cumprido.
Durante todos os anos de servidão no Egito tinha havido entre
os israelitas alguns que se apegavam ao culto de Jeová. Estes fica-
vam dolorosamente perturbados ao verem seus filhos diariamente
testemunharem as abominações dos gentios, e mesmo curvarem-se
aos seus deuses falsos. Em sua angústia clamaram ao Senhor, pe-
dindo livramento do jugo egípcio, para que pudessem estar livres
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da influência corruptora da idolatria. Não escondiam sua fé, mas
declaravam aos egípcios que o objeto de seu culto era o Criador do
céu e da Terra, o único Deus verdadeiro e vivo. Reconsideravam
as provas de Sua existência e poder, desde a criação até os dias de
Jacó. Os egípcios tiveram assim oportunidade de familiarizar-se
com a religião dos hebreus; mas, desdenhando ser instruídos por
seus escravos, experimentaram seduzir os adoradores de Deus com
promessas de recompensas, e, falhando isto, por meio de ameaças e
crueldade.
Os anciãos de Israel esforçaram-se por suster a fé dos irmãos,
que estava a sucumbir, repetindo-lhes as promessas feitas a seus
pais, e as palavras proféticas de José antes de sua morte, predizendo
o livramento deles do Egito. Alguns escutavam e criam. Outros,
olhando para as circunstâncias que os cercavam, rejeitaram as espe-
ranças. Os egípcios, estando informados do que se divulgava entre
seus escravos, zombavam de suas expectativas, e escarnecedora-
mente negavam o poder de seu Deus. Apontavam para a situação