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Patriarcas e Profetas
nunca houve tais gafanhotos, nem depois deles virão outros tais.”
Encheram o céu até que a terra se escureceu; e devoraram toda a
vegetação que restava. Faraó mandou chamar às pressas os profetas,
e disse: “Pequei contra o Senhor vosso Deus, e contra vós. Agora,
pois, peço-vos que perdoeis o meu pecado somente desta vez, e que
oreis ao Senhor vosso Deus que tire de mim somente esta morte.”
Assim fizeram, e um forte vento ocidental levou os gafanhotos para
o Mar Vermelho. O rei ainda persistiu em sua pertinaz resolução.
O povo do Egito estava ao ponto do desespero. Os açoites que
já haviam caído sobre eles pareciam quase além do que se podia
suportar, e estavam cheios de temor pelo futuro. A nação tinha
adorado a Faraó como o representante de seu deus; mas muitos
agora estavam convencidos de que ele se achava opondo-se a um
Ser que fez de todas as forças na natureza ministros de Sua vontade.
Os escravos hebreus, tão miraculosamente favorecidos, estavam se
tornando confiantes no livramento. Seus maiorais de tarefas não
ousavam oprimi-los como até ali haviam feito. Por todo o Egito
havia um temor secreto de que a raça escravizada se levantasse e
vingasse seus males. Por toda parte homens estavam a indagar, com
desalento: o que será depois disto?
Subitamente repousou sobre a terra uma escuridão, tão densa
e negra que parecia “trevas que se apalpem”. Não somente estava
o povo despojado de luz, mas a atmosfera era muito opressiva,
de maneira que a respiração era difícil. “Não viu um ao outro, e
ninguém se levantou do seu lugar por três dias; mas todos os filhos
de Israel tinham luz em suas habitações.” O Sol e a Lua eram objetos
de culto para os egípcios; nestas trevas misteriosas o povo e seus
deuses foram de modo semelhante atingidos pelo poder que tomara
a Si a causa dos escravos. Contudo, por medonho que tivesse sido,
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este juízo é uma prova da compaixão de Deus e de Sua indisposição
para destruir. Ele dava ao povo tempo para refletir e arrepender-se,
antes de trazer sobre eles a última e mais terrível das pragas.
A segunda praga trouxe rãs sobre a terra do Egito.
Êxodo 8:6
.
As rãs eram consideradas sagradas pelos egípcios, e supunha-se
que uma de suas divindades, a deusa Heqa, com cabeça de rã, pos-
suía poder criador. Quando as rãs, como resultado da ordem de
Moisés, se multiplicaram a tal ponto que encheram o país de um
extremo a outro, os egípcios devem ter perguntado por que Heqa