Do Mar Vermelho ao Sinai
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vações, e mesmo o verdadeiro sofrimento; mas estavam indispostos
a confiar no Senhor a não ser que testemunhassem as contínuas pro-
vas de Seu poder. Esqueceram-se de sua amarga servidão no Egito.
Perderam de vista a bondade e poder de Deus, manifestados em prol
deles, em seu livramento do cativeiro. Esqueceram-se de como seus
filhos foram poupados quando o anjo destruidor matou todos os pri-
mogênitos do Egito. Olvidaram a grande mostra do poder divino no
Mar Vermelho. Perderam de memória que, enquanto atravessaram
sem perigo pelo caminho que lhes havia sido aberto, os exércitos
de seus inimigos, tentando segui-los, foram submersos nas águas
do mar. Viam e sentiam unicamente seus incômodos e provações
presentes; e, em vez de dizerem: “Deus fez grandes coisas por nós;
conquanto tenhamos sido escravos, está a fazer de nós uma grande
nação”, falavam eles das dificuldades do caminho e consideravam
quando terminaria sua cansativa peregrinação.
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A história da vida de Israel no deserto foi registrada para o bene-
fício do Israel de Deus até o final do tempo. O registro do trato de
Deus aos errantes no deserto, em todas as suas marchas de um para
outro lado, em sua exposição a fome, sede e cansaço, e nas notáveis
manifestações de Seu poder em auxílio deles, acha-se repleto de
advertências e instruções para o Seu povo, em todos os tempos. A
experiência variada dos hebreus era uma escola preparatória para o
seu lar prometido em Canaã. Deus quer que Seu povo nestes dias
reveja com humilde coração e espírito dócil as provações pelas quais
passou o antigo Israel, a fim de que possa instruir-se em seu preparo
para a Canaã celestial.
Muitos consideram os israelitas daquele tempo, e admiram-se de
sua incredulidade e murmuração, achando que, se tivessem estado
em lugar deles, não teriam sido tão ingratos; mas, quando sua fé é
provada, mesmo com pequenas aflições, não manifestam maior fé
ou paciência do que fez o antigo Israel. Quando levados a situações
angustiosas, murmuram contra o meio que Deus escolheu para os
purificar. Posto que sejam supridas suas necessidades presentes,
muitos não estão dispostos a confiar em Deus para o futuro, e se
acham em constante ansiedade, receosos de que a pobreza lhes
sobrevenha, e seu filhos venham a sofrer. Alguns estão sempre a ver
antecipadamente o mal, ou a aumentar as dificuldades que realmente
existem, de modo que seus olhos ficam cegos às muitas bênçãos que