Página 282 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
Poucos dias apenas se haviam passado desde que os hebreus
fizeram um concerto solene com Deus, para obedecerem à Sua voz.
Tinham estado a tremer de terror diante do monte, ouvindo as pala-
vras do Senhor: “Não terás outros deuses diante de Mim”.
Êxodo
20:3
. A glória de Deus ainda pairava sobre o Sinai à vista da con-
gregação; mas desviaram-se e pediram outros deuses. “Fizeram um
bezerro em Horebe, e adoraram a imagem fundida. E converteram
a Sua glória na figura de um boi”.
Salmos 106:19, 20
. Como se
poderia ter mostrado maior ingratidão ou feito insulto mais ousado
Àquele que Se lhes revelara como um pai terno e rei todo-poderoso!
Moisés no monte foi avisado da apostasia no acampamento, e
ordenou-se-lhe voltar sem demora. “Vai, desce”, foram as palavras
de Deus; “porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem
corrompido. E depressa se tem desviado do caminho que Eu lhes
tinha ordenado; fizeram para si um bezerro de fundição, e perante
ele se inclinaram.” Deus poderia ter sustado aquele movimento ao
início; mas permitiu que chegasse a este ponto, para que pudesse
ensinar a todos uma lição em Seu castigo à traição e apostasia.
O concerto de Deus com Seu povo havia sido anulado e Ele
declarou a Moisés: “Deixa-Me, que o Meu furor se acenda contra
eles, e os consuma; e Eu farei de ti uma grande nação”.
Êxodo 32:7,
8, 10
. O povo de Israel, especialmente aquela multidão mista, estaria
constantemente disposto a rebelar-se contra Deus. Murmurariam
também contra seu chefe, e o magoariam pela sua incredulidade e
obstinação; e tarefa laboriosa e mui probante seria guiá-los até a
Terra Prometida. Seus pecados já os haviam privado do favor de
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Deus, e a justiça exigia sua destruição. O Senhor, então, propôs-Se
a destruí-los e fazer de Moisés uma poderosa nação.
“Deixa-Me, que os consuma”, foram as palavras de Deus. Se
Deus Se propusera a destruir Israel, quem poderia pleitear em seu
favor? Quantos não teriam deixado os pecadores entregues à sua
sorte! Quantos não teriam alegremente trocado um quinhão de la-
butas, encargos e sacrifício, pagos com ingratidão e maledicência,
por uma posição de comodidade e honra, quando era o próprio Deus
que oferecia o livramento!
Moisés, porém, entrevia bases para esperança onde apenas apare-
ciam desânimo e ira. As palavras de Deus: “Deixa-Me”, compreen-
deu ele não proibirem, mas sim, alentarem a intercessão, implicando