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Patriarcas e Profetas
pela idolatria o que modelava o caráter do futuro rei, e determinou
crueldade e opressão para com os hebreus.
Durante os quarenta anos que se seguiram à fuga de Moisés do
Egito, a idolatria pareceu ter vencido. Ano após ano, as esperanças
dos israelitas tornavam-se mais débeis. Tanto o rei como o povo
exultavam em seu poderio, e zombavam do Deus de Israel. Este
espírito desenvolveu-se até que culminou no Faraó que foi enfren-
tado por Moisés. Quando o chefe hebreu chegou perante o rei com
uma mensagem do “Senhor Deus de Israel”, não foi a ignorância
acerca do verdadeiro Deus, senão o desafio ao Seu poder, o que
inspirou a resposta: “Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei? [...]
Não conheço o Senhor”.
Êxodo 5:2
. De princípio a fim, a oposição
de Faraó ao mando divino não foi o resultado da ignorância, mas do
ódio e desafio.
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Posto que os egípcios houvessem durante tanto tempo rejeitado o
conhecimento de Deus, o Senhor ainda lhes deu oportunidade para o
arrependimento. Nos dias de José, o Egito fora um abrigo para Israel;
Deus fora honrado pela bondade manifesta a Seu povo; e agora
aquele Ser longânimo, tardio em iras e cheio de compaixão, deu a
cada juízo prazo para realizar a sua obra; os egípcios, recebendo
maldição por meio dos mesmos objetos que adoravam, tiveram prova
do poder de Jeová, e todos que o quisessem poderiam sujeitar-se
a Deus e escapar de Seus juízos. O fanatismo e obstinação do rei
tiveram como resultado espalhar o conhecimento de Deus, e levar
muitos dos egípcios a entregarem-se a Seu serviço.
Foi porque os israelitas estivessem tão dispostos a unir-se com
os gentios e imitar-lhes a idolatria que Deus lhes permitiu descerem
ao Egito, onde a influência de José era largamente sentida, e onde
as circunstâncias lhes eram favoráveis para permanecerem como
um povo distinto. Ali também a grosseira idolatria dos egípcios e
sua crueldade e opressão durante a última parte da peregrinação dos
hebreus, devia ter inspirado neles aversão à idolatria, e os devia ter
levado a fugir para o Deus de seus pais em busca de refúgio. Esta
providência tornara Satanás um meio para servir a seu propósito,
obscurecendo a mente dos israelitas, e levando-os a imitar as práticas
de seus senhores pagãos. Devido à veneração supersticiosa em que
pelos egípcios eram tidos os animais, não se permitia aos hebreus,
durante seu cativeiro, apresentar ofertas sacrificais. Assim sua mente