28
Patriarcas e Profetas
Os anjos haviam advertido Eva de que tivesse o cuidado de não
se afastar do esposo enquanto se ocupavam com seu trabalho diário
no jardim; junto dele estaria em menor perigo de tentação, do que se
estivesse sozinha. Mas, absorta em sua aprazível ocupação, inconsci-
entemente se desviou de seu lado. Percebendo que estava só, sentiu
uma apreensão de perigo, mas afugentou seus temores, concluindo
que ela possuía sabedoria e força suficientes para discernir o mal e
resistir-lhe. Esquecida do aviso do anjo, logo se achou a contemplar,
com um misto de curiosidade e admiração, a árvore proibida. O fruto
era muito belo, e ela perguntava a si mesma por que seria que Deus
os privara do mesmo. Era então a oportunidade do tentador. Como
se fosse capaz de distinguir as cogitações de seu espírito, a ela assim
se dirigiu: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore
do jardim?”
Gênesis 3:1
.
Eva ficou surpresa e admirada quando assim pareceu ouvir o eco
de seus pensamentos. Mas a serpente continuou, com voz melodi-
osa, com sutis louvores à superior beleza de Eva; e suas palavras
não lhe eram desagradáveis. Em vez de fugir do local, deteve-se,
maravilhada, a ouvir uma serpente falar. Houvesse se dirigido a ela
[26]
um ser semelhante aos anjos, e ter-se-iam despertado seus receios;
ela, porém, não tinha idéia alguma de que a fascinadora serpente
pudesse tornar-se o intermediário do adversário decaído.
À pergunta ardilosa do tentador, ela responde: “Do fruto das
árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no
meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis,
para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente
não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes
se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o
mal.”
Participando desta árvore, declarou ele, atingiriam uma esfera
mais elevada de existência, e entrariam para um campo mais vasto de
saber. Ele próprio havia comido do fruto proibido, e como resultado
adquirira o dom da fala. E insinuou que o Senhor cuidadosamente
desejava privá-los do mesmo, para que não acontecesse serem exal-
tados à igualdade para com Ele. Foi por causa de suas maravilhosas
propriedades, que comunicavam sabedoria e poder, que Ele lhes ha-
via proibido prová-lo, ou mesmo nele tocar. O tentador insinuou que
a advertência divina não devia ser efetivamente cumprida; destinava-