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Patriarcas e Profetas
Há na atualidade milhares que estão seguindo uma conduta se-
melhante. Não teriam dificuldade em compreender seu dever se este
estivesse em harmonia com suas inclinações. Acha-se na Bíblia
claramente posto diante deles, ou é evidentemente indicado pelas
circunstâncias ou pela razão. Mas porque tais evidências são con-
trárias aos seus desejos e inclinações, freqüentemente as põem de
lado, e ousam ir a Deus para saberem o seu dever. Aparentemente
com grande consciência, oram demorada e fervorosamente rogando
luz. Mas com Deus não se brinca. Ele muitas vezes permite que tais
pessoas sigam seus desejos, e sofram o resultado. “O Meu povo não
quis ouvir a Minha voz. [...] Pelo que Eu os entreguei aos desejos
dos seus corações, e andaram segundo os seus próprios conselhos”.
Salmos 81:11, 12
. Quando alguém vê claramente o dever, não tome
a liberdade de ir a Deus com oração para que possa ser dispensado
de o cumprir. Antes, deve com espírito humilde e submisso, rogar
força e sabedoria divinas para satisfazer as exigências desse dever.
Os moabitas eram um povo degradado, idólatra; todavia, con-
forme a luz que haviam recebido, sua culpa não era tão grande à
vista do Céu como era a de Balaão. Entretanto, como este professava
ser profeta de Deus, tudo o que dissesse supor-se-ia proferido por
autoridade divina. Portanto não lhe foi permitido falar como qui-
sesse, mas devia transmitir a mensagem que Deus lhe desse. “Farás
o que Eu te disser” (
Números 22:20
), foi a ordem divina.
Balaão recebera permissão de ir com os mensageiros de Moabe,
se viessem pela manhã chamá-lo. Mas, contrariados com sua demora,
e esperando nova recusa, partiram em viagem para seu país sem mais
consulta com ele. Toda a desculpa para condescender com o pedido
de Balaque fora agora removida. Mas Balaão estava decidido a
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obter a recompensa; e, tomando o animal em que estava habituado
a viajar, pôs-se a caminho. Temia que mesmo agora a permissão
divina fosse retirada, e avançou ansiosamente, inquieto e receoso de
que de alguma maneira deixasse de ganhar a cobiçada recompensa.
Mas “o anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário”.
Números 22:22
. O animal viu o mensageiro divino, que não era
percebido pelo homem, e desviou-se da estrada para o campo. Com
pancadas cruéis Balaão o trouxe novamente para o caminho; mas,
outra vez, em um lugar estreito entre duas paredes apareceu o anjo,
e o animal, procurando evitar a figura ameaçadora, apertou o pé do