444
Patriarcas e Profetas
Josué: “És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos?” deu-se esta
resposta: “Venho agora como Príncipe do Senhor.” A mesma ordem
dada a Moisés em Horebe: “Descalça os sapatos de teus pés, porque
o lugar em que estás é santo” (
Josué 5:13-15
), revelou o verdadeiro
caráter do estranho misterioso. Era Cristo, o exaltado Ser, que estava
em pé diante do chefe de Israel. Tomado de assombro, Josué caiu
sobre seu rosto e adorou; e ouviu esta segurança: “Tenho dado na
tua mão a Jericó e ao seu rei, os seus valentes e valorosos” (
Josué
6:2
); e recebeu instruções para a tomada da cidade.
[357]
Em obediência à ordem divina Josué arregimentou os exércitos
de Israel. Nenhum assalto se deveria fazer. Apenas deviam fazer
o circuito da cidade, levando a arca de Deus, e tocando trombetas.
Em primeiro lugar iam os guerreiros, uma corporação de homens
escolhidos, não para fazer agora a conquista pela sua própria ha-
bilidade e proeza, mas pela obediência às orientações a eles dadas
por Deus. Seguiam-se sete sacerdotes com trombetas. Então a arca
de Deus, rodeada de uma auréola de glória divina, era levada pelos
sacerdotes vestidos nos trajes que denotavam seu sagrado ofício.
Seguia-se o exército de Israel, estando cada tribo sob a sua bandeira.
Tal foi o cortejo que circundou a cidade condenada. Nenhum som
se ouvia a não ser o tropel daquela grande hoste e o estrondo solene
das trombetas, ecoando pelas colinas, e ressoando através das ruas
de Jericó. Concluído o circuito, o exército voltou em silêncio às suas
tendas, e a arca foi de novo posta em seu lugar no tabernáculo.
Admiradas e alarmadas, as sentinelas da cidade notavam cada
movimento, e o referiam às autoridades. Não sabiam a significação
de toda esta manifestação; mas, quando viram aquela potente hoste
a marchar em redor de sua cidade uma vez em cada dia, juntamente
com a arca sagrada e os sacerdotes assistentes, o mistério da cena
aterrorizou o coração de sacerdotes e povo. De novo inspeciona-
ram suas fortes defesas, sentindo-se certos de que poderiam com
êxito resistir ao mais poderoso ataque. Muitos punham a ridículo
a idéia de que qualquer mal lhes pudesse advir por meio daquelas
singulares demonstrações. Outros estavam aterrados contemplando
o séquito que cada dia volteava a cidade. Lembravam-se de que o
Mar Vermelho uma vez se abrira perante este povo, e que acabava
de se lhes abrir uma passagem pelo rio Jordão. Não sabiam que mais
prodígios Deus poderia operar por eles.