Página 452 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
de Canaã, achavam-se livres de perigo, e deixaram de compenetrar-
se de que só o auxílio divino lhes poderia dar êxito. Mesmo Josué
fez seus planos para a conquista de Ai, sem procurar conselho da
parte de Deus.
Os israelitas tinham começado a exaltar sua própria força, e a
olhar com desdém para os seus adversários. Esperava-se uma vitória
fácil, e acharam-se suficientes três mil homens para tomarem o lugar.
Arremessaram-se ao ataque sem a segurança de que Deus estaria
com eles. Avançaram quase até às portas da cidade, apenas para
encontrarem a mais decidida resistência. Tomados de pânico ante o
número e completo preparo de seus inimigos, fugiram em confusão
pela escarpada descida abaixo. Os cananeus puseram-se em feroz
perseguição; “seguiram-nos desde a porta. [...] e feriram-nos na
descida”. Posto que a perda fosse pequena quanto ao número, tendo
sido mortos apenas trinta e seis homens, foi a derrota desanimadora
para toda a congregação. “O coração do povo se derreteu e se tornou
como água.” Esta foi a primeira vez que se defrontaram com os
cananeus em combate efetivo; e, se foram postos em fuga diante
dos defensores desta pequena cidade, qual seria o resultado nos
maiores conflitos que se achavam perante eles? Josué encarou o mau
êxito como expressão do desagrado de Deus, e, angustiosamente,
apreensivamente, “rasgou os seus vestidos, e se prostrou em terra
sobre o seu rosto perante a arca do Senhor até a tarde, ele e os
anciãos de Israel, e deitaram pó sobre as suas cabeças”.
“Ah Senhor Jeová!” exclamou ele, “por que, com efeito, fizeste
passar a este povo o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorreus,
para nos fazerem perecer ? [...] Ah Senhor! que direi? pois Israel
virou as costas diante dos seus inimigos! Ouvindo isto, os cananeus
e todos os moradores da terra nos cercarão e desarraigarão o nosso
nome da terra; e então que farás ao Teu grande nome?”
A resposta de Jeová foi: “Levanta-te; por que estás prostrado
assim sobre o teu rosto? Israel [...] transgrediu o Meu concerto
que lhes tinha ordenado.” Era este um momento para ação pronta e
decidida, e não para desespero e lamentação. Havia pecado secreto
no acampamento, e este devia ser descoberto e removido, antes que
a presença e a bênção do Senhor pudessem estar com o Seu povo.
“Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio
de vós.”