Página 522 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
lher de outro. Sua vingança, devastando todos os campos e vinhas
dos filisteus, induziu-os a assassiná-la, embora as ameaças deles a
houvessem compelido ao dolo com que tivera início aquela calami-
dade. Sansão já havia dado prova de sua força maravilhosa, matando
sozinho um leão novo, bem como matando trinta dos homens de
Asquelom. Agora, levado à cólera pelo bárbaro assassínio da esposa,
atacou os filisteus, e feriu-os “com grande ferimento”. Então, dese-
jando um seguro refúgio de seus inimigos, retirou-se para a “rocha
de Etã” (
Juízes 15:8
), na tribo de Judá.
Para aquele lugar foi ele perseguido por poderosa força, e os ha-
bitantes de Judá, grandemente alarmados, concordaram de maneira
vil em entregá-lo a seus inimigos. Em conformidade com isto, três
mil homens de Judá subiram a ele. Mas mesmo com tal disparidade
não teriam ousado aproximar-se dele, se não se houvessem assegu-
rado de que ele não faria mal a seus compatriotas. Sansão consentiu
em ser ligado e entregue aos filisteus; mas primeiro exigiu dos ho-
mens de Judá a promessa de o não atacarem, e o compelirem assim a
destruí-los. Permitiu-lhes que o amarrassem com duas cordas novas,
e foi levado ao arraial de seus inimigos por entre demonstrações de
grande alegria. Mas, enquanto suas aclamações estavam a despertar
ecos nas colinas, “o Espírito do Senhor possantemente Se apossou
dele”.
Juízes 15:14
. Rebentou as fortes cordas novas como se fossem
fios de linho queimados. Agarrando então a primeira arma à mão,
a qual, embora fosse apenas a queixada de um jumento, foi mais
eficaz do que espada ou lança, feriu os filisteus até que fugiram
aterrorizados, deixando mil homens mortos no campo.
Estivessem os israelitas prontos a unir-se a Sansão, e continuar a
vitória, e poderiam nesta ocasião ter-se livrado do poder dos opresso-
res. Mas eles se haviam tornado desanimados e covardes. Negligen-
ciaram a obra que Deus lhes ordenara fazer, desapossando os gentios,
e uniram-se a eles nas suas práticas degradantes, tolerando-lhes a
crueldade, e mesmo favorecendo-lhes a injustiça enquanto esta não
se revertia contra eles. Ao serem trazidos sob o poder do opressor,
submetiam-se timidamente à degradação de que poderiam ter es-
capado, caso houvessem tão-somente obedecido a Deus. Mesmo
quando o Senhor lhes levantava um libertador, abandonavam-no com
freqüência e uniam-se a seus inimigos.
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