Página 563 - Patriarcas e Profetas (2007)

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O primeiro rei de Israel
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tido divinamente com a tríplice função de juiz, profeta e sacerdote,
trabalhara ele com incansável e desinteressado zelo pelo bem-estar
de seu povo, e a nação prosperara sob sua sábia administração. A
ordem havia sido restabelecida, promovida a piedade, e o espírito
de descontentamento impedido durante aquele tempo. Mas, com o
avançar dos anos, o profeta foi obrigado a repartir com outros os
cuidados do governo, e ele designou seus dois filhos para agirem
como seus auxiliares. Enquanto Samuel continuava com os deveres
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de seu ofício em Ramá, os moços se localizaram em Berseba para
administrarem a justiça entre o povo, próximo da fronteira sul do
país.
Foi com inteiro apoio da nação que Samuel designara seus fi-
lhos para o ofício; mas eles não se mostraram dignos da escolha
de seu pai. Havia o Senhor, por meio de Moisés, dado instruções
especiais a Seu povo, a fim de que os príncipes de Israel julgassem
retamente, tratassem com justiça da viúva e do órfão, e não recebes-
sem suborno. Mas os filhos de Samuel “se inclinaram à avareza, e
tomaram presentes, e perverteram o juízo”. Os filhos do profeta não
atenderam aos preceitos que ele procurara gravar em suas mentes.
Não imitaram a vida pura e abnegada de seu pai. A advertência feita
a Eli não exercera sobre a mente de Samuel a influência que deveria
ter exercido. Ele fora até certo ponto demasiado condescendente
com seus filhos, e o resultado foi visível no caráter e na vida deles.
A injustiça desses juízes causava muito descontentamento, e
forneceu-se assim um pretexto para se insistir na mudança que havia
muito era secretamente desejada. “Todos os anciãos de Israel se
congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já
estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos. Constitui-
nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o
têm todas as nações”.
1 Samuel 8:3-5
. Os casos de abusos praticados
entre o povo não foram referidos a Samuel. Houvesse se tornado
conhecida dele a má conduta de seus filhos, e ele os teria retirado sem
demora; mas isto não era o que os suplicantes desejavam. Samuel
viu que o seu objetivo real era o descontentamento e o orgulho, e que
seu pedido era o resultado de um propósito deliberado e decidido.
Nenhuma queixa fora feita contra Samuel. Todos reconheciam a
integridade e sabedoria de sua administração; mas o idoso profeta
considerou o pedido como uma censura a si, e um esforço direto