O primeiro rei de Israel
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Ele as mais cruéis paixões dos que com um coração falso professa-
vam a piedade. Cristo não veio com a opulência e honras da Terra;
contudo as obras que realizava mostravam possuir Ele poder maior
do que de qualquer príncipe humano. Os judeus esperavam que o
Messias viesse a quebrar o jugo do opressor; todavia, acariciavam
os pecados que lhes haviam ligado esse jugo ao pescoço. Houvesse
Cristo encoberto os pecados deles e aplaudido a sua piedade, e O
teriam aceito como seu rei; mas não quiseram suportar Sua deste-
mida repreensão aos seus vícios. A beleza de um caráter em que a
benevolência, a pureza e a santidade reinavam supremas, que não
alimentava ódio a não ser ao pecado, eles a desprezaram. Assim tem
sido em todas as épocas do mundo. A luz do Céu traz condenação
sobre todos os que se recusam a andar nela. Quando repreendidos
pelo exemplo daqueles que odeiam ao pecado, tornam-se os hipócri-
tas, agentes de Satanás para afligir e perseguir os fiéis. “Todos os que
piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”.
2
Timóteo 3:12
.
Se bem que tivesse sido predita na profecia a forma de governo
monárquica para Israel, Deus Se reservara o direito de lhes escolher
o rei. Os hebreus respeitaram a autoridade de Deus até ao ponto de
deixarem a seleção inteiramente com Ele. A escolha recaiu sobre
Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim.
As qualidades pessoais do futuro líder eram de maneira que
satisfaziam aquele orgulho íntimo que inspira o desejo de terem um
rei. “Entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do
que ele”.
1 Samuel 9:2
. De porte nobre e digno, na flor da idade,
garboso e alto, tinha ele a aparência de alguém que nascera para
governar. No entanto, com tais atrações externas, Saul era desprovido
daquelas qualidades mais elevadas que constituem a verdadeira
sabedoria. Não tinha aprendido em sua mocidade a dominar suas
paixões temerárias e impetuosas; nunca sentira o poder renovador
da graça divina.
Saul era filho de um poderoso e rico chefe; todavia em confor-
midade com a simplicidade daqueles tempos, estava empenhado
com seu pai nos humildes deveres de lavrador. Tendo-se alguns dos
animais de seu pai extraviado nas montanhas, Saul foi com um servo
à busca deles. Durante três dias fizeram infrutíferas buscas, quando,
não estando eles longe de Ramá, a residência de Samuel, o servo