O primeiro rei de Israel
569
Gilgal tinha sido o local do primeiro acampamento de Israel
na Terra Prometida. Foi ali que Josué, por determinação divina,
construiu uma coluna de doze pedras para comemorar a miraculosa
passagem do Jordão. Ali fora renovada a circuncisão. Ali celebraram
a primeira Páscoa, depois do pecado de Cades, e da peregrinação
no deserto. Ali cessou o maná. Ali o Capitão do exército do Se-
nhor Se revelou como comandante-em-chefe das tropas de Israel.
Daquele ponto marcharam para a subversão de Jericó e conquista
de Ai. Ali Acã recebeu a pena de seu pecado, e ali foi feito com
os gibeonitas aquele tratado que puniu a negligência de Israel de
aconselhar-se com Deus. Nessa planície, ligada com tantas lembran-
ças comoventes, estavam em pé Samuel e Saul; e, quando cessaram
[453]
as aclamações de boas-vindas ao rei, o idoso profeta proferiu suas
palavras de despedida como governador da nação.
“Eis que ouvi a vossa voz”, disse ele, “em tudo quanto me dis-
sestes, e pus sobre vós um rei. Agora, pois, eis que o rei vai diante de
vós, e já envelheci e encaneci, [...] e eu tenho andado diante de vós
desde a minha mocidade até ao dia de hoje. Eis-me aqui, testificai
contra mim, perante o Senhor, e perante o Seu ungido, a quem tomei
o boi, a quem tomei o jumento, e a quem defraudei, a quem tenho
oprimido, e de cuja mão tenho tomado presente e com ele encobri
os meus olhos, e vo-lo restituirei.” A uma voz o povo respondeu:
“Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa
alguma da mão de ninguém”.
1 Samuel 12:1-4
.
Samuel não estava procurando meramente justificar sua conduta.
Tinha previamente apresentado os princípios que deveriam governar
tanto o rei como o povo, e desejava acrescentar às suas palavras o
peso de seu exemplo. Desde a meninice havia estado ligado com
a obra de Deus, e durante sua longa vida tivera sempre um único
objetivo diante de si — a glória de Deus e o máximo bem de Israel.
Antes que pudesse haver qualquer esperança de prosperidade
para Israel, deveriam eles ser levados ao arrependimento diante de
Deus. Em conseqüência do pecado, tinham perdido a fé em Deus
e o discernimento acerca de Seu poder e sabedoria para governar a
nação — perderam a confiança em Sua habilidade para reivindicar
Sua causa. Antes de poderem encontrar a verdadeira paz, deveriam
ser levados a ver e confessar o próprio pecado de que haviam sido
culpados. Tinham declarado ser este o objetivo no pedido de um