A rejeição de Saul
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A mensagem da rejeição de Saul trouxe indizível pesar ao cora-
ção de Samuel. Tinha ela de ser transmitida perante todo o exército
de Israel, quando estava cheio de orgulho e regozijo triunfal por
uma vitória que se atribuía ao valor e às aptidões de general de seu
rei, pois que Saul não havia relacionado com Deus o êxito de Israel
nesse conflito; mas, quando o profeta viu a prova da rebelião de
Saul, foi tomado de indignação pelo fato de que aquele que fora tão
altamente favorecido por Deus, transgredisse o mandamento do Céu,
e levasse Israel ao pecado. Samuel não foi enganado pelo subterfúgio
do rei. Com um misto de dor e indignação, declarou: “Espera, e te
declararei o que o Senhor me disse esta noite. [...] Porventura, sendo
tu pequeno aos teus olhos, não foste por cabeça das tribos de Israel?
e o Senhor te ungiu rei sobre Israel.” Repetiu a ordem do Senhor
com relação a Amaleque, e perguntou os motivos da desobediência
do rei.
Saul persistiu na justificação de si mesmo: “Antes dei ouvidos
à voz do Senhor, e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me
enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí
totalmente. Mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor
do interdito, para oferecer ao Senhor teu Deus em Gilgal.”
Com severas e solenes palavras o profeta varreu o refúgio de
mentiras, e pronunciou a irrevogável sentença: “Tem porventura o
Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se
obedeça à palavra do Senhor? eis que o obedecer é melhor do que
o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.
Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como
iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor,
Ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.”
Ao ouvir o rei esta terrível sentença, exclamou: “Pequei, por-
quanto tenho traspassado o dito do Senhor e as tuas palavras; porque
temi ao povo, e dei ouvidos à sua voz.” Aterrorizado pela acusação
do profeta, Saul reconheceu a sua falta, que antes pertinazmente
negara; mas ainda persistia em lançar a culpa ao povo, declarando
que pecara por medo deles.
Não era a tristeza pelo pecado, mas o temor pelo castigo ao
mesmo, o que influía no rei de Israel, ao rogar ele a Samuel: “Agora,
pois, te rogo, perdoa-me o meu pecado; e volta comigo, para que
adore ao Senhor”.
1 Samuel 15:16, 17, 20-25
. Se Saul tivesse tido