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Patriarcas e Profetas
do Senhor, é possível ainda que seus fracassos se tornem em vitórias
se tão-somente aceitar a reprovação com verdadeira contrição de
alma, e voltar-se a Deus com humildade e fé. A humilhação da
derrota demonstra-se muitas vezes uma bênção, mostrando-nos a
nossa incapacidade para fazer a vontade de Deus sem o Seu auxílio.
Quando Saul se desviou da reprovação a ele enviada pelo Espí-
rito Santo de Deus, e persistiu em sua contumaz justificação própria,
rejeitou o único meio pelo qual Deus poderia agir a fim de o salvar
de si mesmo. Voluntariosamente ele se separara de Deus. Não po-
deria receber auxílio ou guia divina, antes que voltasse a Deus pela
confissão de seu pecado.
Em Gilgal, Saul tinha tido a aparência de ser muito conscienci-
oso, achando-se perante o exército de Israel a oferecer um sacrifício
a Deus. Sua piedade, porém, não era genuína. Uma cerimônia reli-
giosa realizada em oposição direta à ordem de Deus, servia apenas
para enfraquecer as mãos de Saul, colocando-o fora do auxílio que
Deus estava tão disposto a conceder-lhe.
Na expedição contra Amaleque, Saul julgara ter feito tudo que
era essencial daquilo que o Senhor lhe ordenara; mas o Senhor não
Se agradara da obediência parcial, nem estava disposto a revelar
o que fora negligenciado por um motivo tão aceitável. Deus não
deu aos homens liberdade para se afastarem de Seus mandados. O
Senhor declarou a Israel: “Não fareis [...] cada qual tudo o que bem
parece aos seus olhos”; mas “guarda e ouve todas estas palavras
que te ordeno”.
Deuteronômio 12:8, 28
. Ao resolver sobre qualquer
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caminho a seguirmos em nossos atos, não devemos indagar se pode-
mos ver que resultará mal do mesmo, mas se está de acordo com a
vontade de Deus. “Há caminho que ao homem parece direito, mas o
fim dele são os caminhos da morte”.
Provérbios 14:12
.
“O obedecer é melhor do que o sacrificar.” As ofertas sacri-
ficais não tinham em si mesmas nenhum valor à vista de Deus.
Destinavam-se a exprimir da parte do ofertante o arrependimento do
pecado e a fé em Cristo, e o compromisso de futura obediência à
lei de Deus. Mas sem arrependimento, fé e um coração obediente,
as ofertas eram inúteis. Quando, em violação direta ao mando de
Deus, Saul se propôs a oferecer sacrifício daquilo que Deus votara
à destruição, mostrou franco desdém pela autoridade divina. Tal
adoração teria sido um insulto ao Céu. No entanto, com o pecado