Página 626 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
repleta de Cristo, e deixa um rasto de luz aonde quer que seu possui-
dor vá. Abigail tinha sabedoria para reprovar e aconselhar. A paixão
de Davi esvaiu-se, sob o poder de sua influência e raciocínio. Ele
ficou convicto de que assumira uma conduta imprudente, e perdera
o domínio de seu próprio espírito.
Com humilde coração recebeu a repreensão em conformidade
com suas próprias palavras: “Fira-me o justo, será isso uma benigni-
dade; e repreenda-me, será um excelente óleo”.
Salmos 141:5
. Ele
deu graças e louvores porque ela o aconselhara retamente. Muitos
há que, quando reprovados, julgam ser dignos de elogio se recebem
a repreensão sem se tornarem impacientes; mas quão poucos rece-
bem a reprovação com coração grato, e abençoam aqueles que os
procuram salvar de seguirem por um mau caminho!
Quando Abigail voltou para casa, encontrou Nabal e seus hós-
pedes em um grande banquete, que tinham convertido em cenas de
orgia e embriaguez. Não foi senão na manhã seguinte que ela relatou
a seu esposo o que ocorrera em sua entrevista com Davi. Nabal era
de ânimo covarde; e, quando se compenetrou de quão perto de uma
morte súbita o havia trazido a sua loucura, pareceu achar-se atacado
de paralisia. Receoso de que Davi ainda prosseguisse com seus in-
tuitos de vingança, encheu-se ele de terror, e prostrou-se em uma
condição de irremediável insensibilidade. Dez dias depois, morreu.
A vida que Deus lhe dera tinha sido apenas uma maldição para o
mundo. Em meio a seu regozijo e alegria, Deus lhe dissera, como
disse ao homem rico da parábola: “Esta noite te pedirão a tua alma”.
Lucas 12:20
.
Davi mais tarde desposou Abigail. Já era marido de uma mu-
lher; mas o costume das nações de seu tempo tinha-lhe pervertido
o discernimento, influenciando-o em suas ações. Mesmo grandes
homens, e bons, têm errado, seguindo os costumes do mundo. O
amargo resultado de desposar muitas mulheres foi dolorosamente
sentido durante toda a vida de Davi.
Depois da morte de Samuel, Davi ficou em paz por alguns meses.
Novamente se dirigiu à solidão dos zifeus; mas estes inimigos,
esperando conseguir favor do rei, informaram a este do esconderijo
de Davi. Tal conhecimento despertou o demônio da paixão que
estivera a dormir no peito de Saul. Mais uma vez convocou seus
homens de armas, e os levou à perseguição de Davi. Espias que