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Patriarcas e Profetas
mesmo és Saul”.
1 Samuel 28:12
. Assim, o primeiro ato do espírito
mau que personificou o profeta, foi comunicar-se secretamente com
aquela ímpia mulher, para avisá-la do engano que fora praticado
para com ela. A mensagem a Saul do pretenso profeta foi: “Por que
me desinquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angus-
tiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus Se
tem desviado de mim e não me responde mais, nem pelo ministério
dos profetas, nem por sonhos; por isso, te chamei a ti, para que me
faças saber o que hei de fazer”.
1 Samuel 28:15
.
Quando Samuel vivia, Saul desprezara seu conselho, e ressentira-
se de suas reprovações. Agora, porém, na hora de sua angústia e
calamidade, sentia que a guia do profeta era sua única esperança;
e, a fim de comunicar-se com o embaixador do Céu, recorreu em
vão ao mensageiro do inferno! Saul se colocara inteiramente no
poder de Satanás; e agora aquele cujo único deleite consiste em
ocasionar miséria e destruição, prevaleceu-se da oportunidade para
efetuar a ruína do infeliz rei. Em resposta ao agoniado rogo de Saul
veio a terrível mensagem, que, pretendia-se, provinha dos lábios de
Samuel:
“Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem
desamparado e se tem feito teu inimigo? Porque o Senhor tem feito
para contigo como pela minha boca te disse, e o Senhor tem rasgado
o reino da tua mão, e o tem dado ao teu companheiro Davi. Como tu
não deste ouvidos à voz do Senhor e não executaste o fervor da Sua
ira contra Amaleque, por isso, o Senhor te fez hoje isso. E o Senhor
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entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus”.
1 Samuel
28:16-19
.
Em toda a sua conduta de rebelião, Saul fora lisonjeado e iludido
por Satanás. É a obra do tentador fazer do pecado coisa insignifi-
cante, tornar o caminho da transgressão fácil e convidativo, cegar a
mente às advertências e ameaças do Senhor. Satanás, pelo seu poder
sedutor, levara Saul a justificar-se em desafio às reprovações e adver-
tências de Samuel. Mas agora, em sua situação extrema, voltou-se
a ele, apresentando a enormidade de seu pecado e a desesperança
de perdão, para que o oprimisse até o ponto de chegar ao desespero.
Nada poderia ter sido melhor escolhido para lhe destruir o ânimo e
confundir o juízo, ou para o impelir ao desespero e destruição de si
mesmo.