Página 638 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
os espíritos dos mortos, e obter por meio deles conhecimento de
acontecimentos futuros. A este costume de consultar os mortos se
faz referência na profecia de Isaías: “Quando vos disserem: Consul-
tai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e
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murmuram entre dentes; — não recorrerá um povo ao seu Deus? a
favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos?”
Isaías 8:19
.
Essa mesma crença na comunicação com os mortos formou
a pedra fundamental da idolatria gentílica. Os deuses dos gentios
acreditava-se que eram os espíritos deificados dos heróis mortos. As-
sim a religião dos gentios era um culto aos mortos. Isto se evidencia
pelas Escrituras. No relato do pecado de Israel em Bete-Peor, declara-
se: “E Israel deteve-se em Sitim, e o povo começou a prostituir-se
com as filhas dos moabitas. E convidaram o povo aos sacrifícios
dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses.
Juntando-se pois Israel a Baal-Peor”.
Números 25:1-3
. O salmista
nos diz a que espécie de deuses estes sacrifícios eram oferecidos. Fa-
lando da mesma apostasia dos israelitas, diz ele: “Juntaram-se com
Baal-Peor, e comeram os sacrifícios dos mortos“, isto é, sacrifícios
que tinham sido oferecidos aos mortos.
Salmos 106:28
.
A deificação dos mortos tem tido lugar preeminente em quase
todo sistema de paganismo, como também tem a suposta comuni-
cação com os mortos. Acreditava-se que os deuses comunicavam
sua vontade aos homens, e davam-lhes também conselhos, quando
consultados. Desta natureza eram os famosos oráculos da Grécia e
de Roma.
A crença na comunicação com os mortos é ainda mantida,
mesmo nos países professos cristãos. Sob o nome de Espiritismo, a
prática de comunicar-se com os seres que pretendem ser os espíritos
dos mortos, tem-se espalhado largamente. É ela calculada a ganhar
as simpatias daqueles que depuseram seus queridos na sepultura.
Seres espirituais algumas vezes aparecem a pessoas sob a forma de
seus amigos falecidos, e relatam incidentes ligados com sua vida,
e efetuam atos que realizavam quando vivos. Deste modo levam
os homens a crerem que seus amigos mortos são anjos que pairam
sobre eles, e com eles se comunicam. Aqueles que assim pretendem
ser espíritos dos mortos, são considerados com certa idolatria, e para
muitos sua palavra tem maior valor do que a Palavra de Deus.