Página 649 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

Davi em Ziclague
645
aguardavam com coração ansioso notícias da batalha que sabiam
dever ter sido ferida entre Israel e os filisteus. Subitamente um
[512]
mensageiro entrou na cidade, “com vestidos rotos e com terra sobre a
cabeça”.
2 Samuel 1:2-12
. Foi logo levado a Davi, diante de quem se
curvou com reverência, exprimindo reconhecê-lo como um príncipe
poderoso, cujo favor desejava. Davi indagou ansiosamente como
tinha ido a batalha. O fugitivo referiu a derrota e morte de Saul, e a
morte de Jônatas. Mas foi além de uma simples declaração dos fatos.
Supondo evidentemente que Davi deveria alimentar inimizade para
com o seu implacável perseguidor, o estrangeiro esperava conseguir
honra para si como o matador do rei. Com um ar de vanglória, o
homem pôs-se a relatar que durante a batalha encontrou o rei de
Israel ferido, e mui assediado pelos seus adversários, e que pelo
seu próprio pedido ele, o mensageiro, o matara. A coroa de sua
cabeça e a pulseira de ouro que trazia no braço ele as trouxera a
Davi. Confiantemente esperava que estas notícias fossem recebidas
com alegria, e que receberia uma boa recompensa pela parte que
desempenhara.
Mas “apanhou Davi os seus vestidos, e os rasgou, como também
todos os homens que estavam com ele. E prantearam, e choraram, e
jejuaram até à tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo
do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada”.
Passado o primeiro abalo da terrível notícia, os pensamentos de
Davi voltaram-se para o núncio estrangeiro, e para o crime de que,
segundo sua própria declaração, ele era culpado. O líder perguntou
ao moço: “Donde és tu?” E ele respondeu: “Sou filho de um homem
estrangeiro, amalequita. E Davi lhe disse: Como não temeste tu
estender a mão para matares ao ungido do Senhor?” Duas vezes Davi
tivera Saul em seu poder; mas, quando insistiram para que o matasse,
recusara-se levantar a mão contra aquele que fora consagrado por
ordem de Deus para governar Israel. No entanto o amalequita não
receara jactar-se de que matara o rei de Israel. Acusara a si mesmo
de um crime digno de morte, e a pena foi infligida imediatamente.
Disse Davi: “O teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua
própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do
Senhor”.
2 Samuel 1:13-16
.
A dor de Davi pela morte de Saul era sincera e profunda, de-
monstrando a generosidade de uma natureza nobre. Não exultou