Página 695 - Patriarcas e Profetas (2007)

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A rebelião de Absalão
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dizia com voz trêmula: “Brandamente tratai
por amor de mim
ao
mancebo, a Absalão.” E Abisai e Itai receberam a mesma incumbên-
cia: “Brandamente tratai
por amor de mim
ao mancebo, a Absalão.”
Mas a solicitude do rei, parecendo declarar que Absalão lhe era mais
caro do que seu reino, e mais caro mesmo do que os súditos fiéis
ao seu trono, apenas aumentou a indignação dos soldados contra o
filho desnaturado.
O local da batalha foi um bosque próximo do Jordão, em que
o grande número do exército de Absalão apenas lhe era uma des-
vantagem. Por entre os pontos espessos e os pantanais da floresta,
aquelas tropas indisciplinadas se tornaram confusas e não mais po-
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diam ser dirigidas. E “foi ferido o povo de Israel, diante dos servos
de Davi; e naquele mesmo dia houve ali uma grande derrota de vinte
mil”.
2 Samuel 18:5, 7
. Absalão, vendo que era perdida a causa,
voltara-se para fugir, quando a cabeça lhe foi apanhada entre os
ramos de uma árvore larga; e, saindo seu mulo de debaixo dele, foi
deixado desamparadamente suspenso, como presa a seus inimigos.
Em tal condição foi encontrado por um soldado, que, de medo de
desagradar o rei, poupou Absalão, mas referiu a Joabe o que vira.
Joabe não se restringiu por quaisquer escrúpulos. Havia favorecido a
Absalão, tendo duas vezes conseguido sua reconciliação com Davi;
e a confiança assim manifesta para com ele fora vergonhosamente
traída. Se não fossem as vantagens alcançadas por Absalão mediante
a intercessão de Joabe, esta rebelião, com todos os seus horrores,
jamais poderia ter ocorrido. Agora estava nas mãos de Joabe destruir
com um golpe o instigador de todo este mal. “E tomou três dardos e
traspassou com eles o coração de Absalão. [...] E levaram Absalão,
e o lançaram no bosque, numa grande cova, e levantaram sobre ele
um mui grande montão de pedras”.
2 Samuel 18:14, 17
.
Assim pereceram os instigadores da rebelião em Israel. Aitofel
morrera pela sua própria mão. O príncipe Absalão, cuja gloriosa
beleza fora o orgulho de Israel, foi eliminado no vigor da juventude,
sendo seu cadáver arremessado em uma cova, e coberto com um
monte de pedras, em sinal de ignomínia eterna. Em vida, construíra
Absalão para si um custoso monumento no vale do rei; mas a única
lembrança que assinalou a sua sepultura foi o monte de pedras no
deserto.