A torre de Babel
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paralisou-se. Não mais podia haver harmonia ou cooperação. Os edi-
ficadores eram inteiramente incapazes de dar a razão dos estranhos
mal-entendidos entre eles, e em sua raiva e decepção, censuravam
uns aos outros. Terminou sua confederação em contenda e carnifi-
cina. Raios do céu, como prova do desagrado de Deus, quebraram
a parte superior da torre, e a lançaram ao solo. Os homens foram
levados a compenetrar-se de que há um Deus que governa nos Céus.
Até aquele tempo todos os homens falavam a mesma língua;
agora, aqueles que compreendiam a fala uns dos outros, uniram-
se em grupos; alguns foram para um lado, outros para outro. “O
Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a Terra”.
Gênesis 11:8
.
Esta dispersão foi o meio de povoar a Terra; e assim o propósito
do Senhor se cumpriu pelo próprio meio que os homens haviam
empregado para impedir a sua realização.
Mas com que perda para aqueles que se colocaram contra Deus!
Era Seu propósito que, ao saírem os homens para fundarem nações
nas várias partes da Terra, levassem consigo o conhecimento de Sua
vontade, para que a luz da verdade pudesse resplandecer com todo
o brilho às gerações que se sucedessem. Noé, o fiel pregador da
justiça, viveu trezentos e cinqüenta anos depois do dilúvio, e Sem
quinhentos anos; e assim seus descendentes tiveram oportunidade de
familiarizar-se com os mandos de Deus e a história de Seu trato para
com os pais. Estavam, porém, indispostos a ouvir estas verdades,
que lhes desagradavam; não tinham o desejo de conservar a Deus em
seu conhecimento; e pela confusão das línguas ficaram em grande
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medida excluídos do intercâmbio com aqueles que lhes poderiam
proporcionar luz.
Os edificadores de Babel tinham alimentado o espírito de mur-
muração contra Deus. Em vez de se lembrarem com gratidão de Sua
misericórdia para com Adão, e de Seu gracioso concerto com Noé,
queixaram-se de Sua severidade ao expulsar do Éden o primeiro par,
e destruir o mundo por um dilúvio. Entretanto enquanto murmura-
vam contra Deus, como sendo arbitrário e severo, estavam a aceitar
o governo do mais cruel dos tiranos. Satanás estava procurando levar
o desdém às ofertas sacrificais que prefiguravam a morte de Cristo;
e, obscurecendo-se a mente do povo pela idolatria, ele os levou a
falsificar essas ofertas, e a sacrificar seus próprios filhos sobre os al-
tares de seus deuses. Desviando-se de Deus os homens, os atributos