Página 349 - Profetas e Reis (2007)

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Na cova dos leões
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Os inimigos de Daniel deixaram a presença de Dario, exaltando-
se a respeito do laço que seguramente haviam armado para o servo de
Jeová. Na conspiração assim formada tinha Satanás desempenhado
importante parte. O profeta havia sido exaltado em mando no reino,
e os anjos maus temiam que sua influência pudesse enfraquecer-lhes
o controle sobre seus governantes. Foram essas forças satânicas
que impeliram os príncipes a sentir inveja e ciúmes; foram eles
que inspiraram o plano da destruição de Daniel; e os príncipes,
rendendo-se aos instrumentos do mal, levaram-nos à execução.
Os inimigos do profeta contavam com o firme apego de Daniel
ao princípio para o sucesso de seu plano. E eles não estavam errados
na estimativa do seu caráter. Ele percebeu logo o maligno propósito
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que tiveram na elaboração do decreto, mas não mudou a sua conduta
num mínimo que fosse. Por que deveria ele deixar de orar agora,
quando mais necessário era orar? Antes renunciaria à própria vida a
renunciar a sua esperança de auxílio em Deus. Tranqüilamente ele
desempenhou seus deveres como chefe dos príncipes; e na hora da
oração dirigiu-se para o seu aposento, e com as janelas abertas para o
lado de Jerusalém, de acordo com o costume, fez as suas petições ao
Deus do Céu. Ele não procurou ocultar o seu ato. Embora soubesse
muito bem quais as conseqüências de sua fidelidade a Deus, seu
espírito não vacilou. Ante os que estavam tramando a sua ruína,
ele não permitira sequer a aparência de que sua ligação com o Céu
estava interrompida. Em todos os casos onde o rei tivesse o direito
de ordenar, Daniel obedeceria; mas nem o rei nem o seu decreto
poderiam fazê-lo desviar-se de sua obediência ao Rei dos reis.
Assim ousada, embora quieta e humildemente, o profeta declarou
que nenhum poder terreno tem o direito de interpor-se entre a alma
e Deus. Cercado por idólatras, ele era uma fiel testemunha desta
verdade. Seu inquebrantável apego ao direito era uma brilhante luz
nas trevas morais dessa corte pagã. Daniel está perante o mundo
hoje como um digno exemplo do destemor e fidelidade cristãos.
Durante todo um dia os príncipes observaram Daniel. Três vezes
viram-no dirigir-se ao seu aposento, e três vezes ouviram sua voz
erguer-se em fervente intercessão a Deus. Na manhã seguinte fizeram
sua denúncia perante o rei. Daniel, seu mais honrado e fiel estadista,
tinha votado ao desprezo o decreto real. “Porventura não assinaste o
edito”, lembraram-lhe, “pelo qual todo o homem que fizesse uma