Página 36 - Profetas e Reis (2007)

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Profetas e Reis
Todas as fibras de seu ser estavam entretecidas com os princípios do
egoísmo.
Dada essa habilidade pouco comum, Hirão Abiú exigiu grandes
salários. Gradualmente os princípios errôneos que ele acariciava
vieram a ser aceitos por seus companheiros. Ao trabalharem com
ele dia após dia, renderam-se à inclinação de comparar seu salário
com o deles, e começaram a perder de vista a santidade do caráter
de sua obra. Abandonou-os o espírito de abnegação, e em seu lugar
introduziu-se o espírito de cobiça. O resultado foi uma demanda por
salários mais altos, o que lhes foi concedido.
As funestas influências assim postas em operação permearam
todos os ramos do serviço do Senhor, e se estenderam através do
reino. Os elevados salários requeridos e recebidos deram a muitos
uma oportunidade para se entregarem ao luxo e extravagância. O
pobre foi oprimido pelo rico; o espírito de abnegação quase que
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se perdeu. No vasto alcance dos efeitos destas influências pode-se
descobrir uma das principais causas da terrível apostasia daquele
que fora uma vez chamado o mais sábio dos mortais.
O agudo contraste entre o espírito e motivos do povo que cons-
truiu o tabernáculo no deserto e o dos que se ocupavam na construção
do templo de Salomão, encerra uma lição de profundo significado.
O egoísmo que caracterizou os construtores do templo de Salomão
encontra seu paralelo hoje no egoísmo que domina no mundo. O es-
pírito de cobiça, de luta por posições mais altas e mais altos salários
é predominante. O serviço voluntário e a deleitável abnegação dos
obreiros do tabernáculo raramente se encontram. Mas este é o único
espírito que deve atuar nos seguidores de Jesus. Nosso divino Mestre
deu o exemplo de como devem Seus discípulos trabalhar. Àqueles
a quem ordenou: “Vinde após Mim, e Eu vos farei pescadores de
homens” (
Mateus 4:19
), não ofereceu Ele qualquer soma em paga
de seus serviços. Eles deviam compartilhar com Ele da abnegação e
sacrifício.
Não é pelo salário que recebemos que devemos trabalhar. O
motivo que nos dispõe ao trabalho por Deus não deve ter em si
coisa alguma que lembre serviço a si próprio. Abnegada devoção e
espírito de sacrifício têm sido e serão sempre o primeiro requisito
do culto aceitável. Nosso Senhor e Mestre deseja que nenhum fio de
egoísmo seja entretecido em Sua obra. A nossos esforços devemos