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Profetas e Reis
Acabe era fraco em capacidade moral. Sua união por casamento
com uma mulher idólatra de caráter decidido e temperamento defi-
nido, resultou em desastre tanto para ele como para a nação. Des-
tituído de princípio, e sem nenhuma alta norma de reto proceder,
seu caráter foi facilmente modelado pelo espírito determinado de
Jezabel. Sua natureza egoísta era incapaz de apreciar as bênçãos de
Deus a Israel e seus próprios deveres como guardião e líder do povo
escolhido.
Sob a danosa influência do reinado de Acabe, Israel afastou-se
do Deus vivo, e corrompeu seus caminhos perante Ele. Por mui-
tos anos tinham estado a perder o senso de reverência e piedoso
temor; e agora parecia não haver ninguém que ousasse expor a vida
colocando-se abertamente em oposição à predominante blasfêmia.
A escura sombra da apostasia cobria toda a terra. Imagens de Baal e
Astarote estavam em todo lugar para serem vistas. Templos idólatras
e bosques consagrados em que se adoravam as obras das mãos dos
homens foram multiplicados. O ar estava poluído com o fumo dos
sacrifícios oferecidos aos falsos deuses. Montes e vales ressoavam
com o perturbado clamor de um sacerdócio pagão que sacrificava ao
Sol, à Lua e às estrelas.
Pela influência de Jezabel e de seus ímpios sacerdotes, o povo
fora ensinado que os ídolos que haviam sido erguidos eram divin-
dades que regiam por seu místico poder os elementos da terra, fogo
e água. Todas as dádivas do Céu — os regatos, as fontes de águas
vivas, o suave orvalho, os chuveiros de águas que refrigeravam a
terra e faziam que os campos produzissem com abundância — eram
atribuídos ao favor de Baal e Astarote, em vez de ao Doador de toda
boa dádiva e todo dom perfeito. O povo esqueceu-se de que mon-
tes e vales, rios e fontes, estavam nas mãos do Deus vivo; que Ele
controlava o Sol, as nuvens do céu e todos os poderes da natureza.
Por intermédio de fiéis mensageiros, o Senhor enviou repetidas
advertências ao rei apóstata e ao povo; mas vãs foram essas palavras
de reprovação. Em vão os inspirados mensageiros sustentaram o
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direito de ser Jeová o único Deus em Israel; em vão exaltaram as leis
que Ele lhes havia confiado. Seduzidos pela suntuosa exibição e os
fascinantes ritos da idolatria, o povo seguia o exemplo do rei e sua
corte, e se entregava aos intoxicantes e degradantes prazeres de um
culto sensual. Em sua cega loucura, preferiram rejeitar a Deus e Seu