Página 98 - Profetas e Reis (2007)

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Profetas e Reis
do Carmelo a soberana providência de Deus e, desafiadora ainda,
ousadamente declarou que Elias devia morrer.
Nessa noite um mensageiro despertou o fadigado profeta e
transmitiu-lhe a palavra de Jezabel: “Assim me façam os deuses, e
outro tanto, se decerto amanhã a estas horas não puser a tua vida
como a de um deles”.
1 Reis 19:2
.
Poderá parecer que depois de haver mostrado tão grande cora-
gem, após haver triunfado tão completamente sobre o rei, sacerdotes
e povo, Elias não devesse jamais haver dado caminho ao desânimo,
nem ter sido levado à intimidação. Mas aquele que havia sido aben-
çoado com tantas evidências do amorável cuidado de Deus, não
estava acima das fragilidades humanas, e nesta hora escura sua fé e
coragem abandonaram-no. Desorientado, despertou. A chuva caía
dos céus, e havia trevas por todos os lados. Esquecendo que três anos
antes Deus havia dirigido seus passos a um lugar de refúgio contra o
ódio de Jezabel e as buscas de Acabe, o profeta agora escapava por
sua vida. Alcançando Berseba, “deixou ali o seu moço. E ele se foi
ao deserto, caminho de um dia”.
1 Reis 19:4
.
Elias não devia ter desertado de seu posto de dever. Devia ter
enfrentado a ameaça de Jezabel, apelando para a proteção dAquele
que o havia comissionado para que vindicasse a honra de Jeová.
Ele devia ter dito ao mensageiro que o Deus em quem confiava o
protegeria contra o ódio da rainha. Apenas poucas horas haviam
decorrido desde que ele testemunhara a maravilhosa manifestação
do poder divino, e isto devia ter-lhe dado a segurança de que ele
não seria agora abandonado. Tivesse ele ficado onde estava, tivesse
feito de Deus seu refúgio e fortaleza, permanecendo firme pela
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verdade, e teria sido abrigado do perigo. O Senhor lhe teria dado
outra assinalada vitória, enviando Seus juízos sobre Jezabel; e a
impressão feita sobre o rei e o povo teria dado lugar a uma grande
reforma.
Elias havia esperado muito do milagre produzido no Carmelo.
Supusera que depois daquela exibição do poder de Deus, Jezabel
não mais teria influência sobre a mente de Acabe, e que haveria uma
imediata reforma em todo o Israel. O dia todo no alto do Carmelo
ele estivera em atividade, sem alimento. Contudo, quando guiava o
carro de Acabe à entrada de Jezreel, sua coragem foi forte, a despeito
da debilidade física sob a qual havia trabalhado.