Estimulantes e narcóticos
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O uso continuado desses irritantes nervosos é seguido de dores
de cabeça, insônia, palpitação, indigestão, tremores e muitos outros
males, pois eles gastam a força vital. Os nervos fatigados necessitam
repouso e sossego em lugar de estimulantes e hiperatividade. A natu-
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reza necessita de tempo para recuperar as exaustas energias. Quando
suas forças são aguilhoadas pelo uso de estimulantes, conseguir-se-
á mais durante algum tempo; mas, à medida que o organismo se
enfraquece mediante o uso contínuo, torna-se gradualmente mais
difícil erguer as energias ao desejado nível. A exigência de estimu-
lantes se torna cada vez mais difícil de controlar, até que a vontade
é vencida, parecendo não haver poder capaz de negar a satisfação
do forte apetite contrário à natureza. São exigidos estimulantes mais
fortes e ainda mais fortes, até que a natureza exausta já não pode
corresponder.
O hábito do fumo
— O fumo é um veneno lento, perigoso, por
demais maligno. Seja qual for a forma de utilização, atua na cons-
tituição; é o mais perigoso, porque seu efeito é lento, e a princípio
por assim dizer imperceptível. Excita e depois paralisa os nervos.
Debilita e obscurece o cérebro. Muitas vezes, ele afeta os nervos
de maneira mais forte que a bebida intoxicante. É mais sutil, e seus
efeitos são difíceis de desarraigar do organismo. Seu uso estimula
a sede de bebidas fortes, lançando em muitos casos a base para o
hábito das bebidas alcoólicas.
O uso do fumo é inconveniente, caro, sujo, contaminador para o
que o tem e incômodo para os outros. Encontram-se por toda parte os
seus devotos. Dificilmente passais por uma multidão sem que algum
fumante vos solte no rosto uma baforada de seu hálito envenenado.
É desagradável e pouco higiênico ficar num vagão ou numa sala
em que a atmosfera esteja impregnada dos vapores da bebida ou
do fumo. Embora os homens persistam em usar esses venenos para
si mesmos, que direito têm eles de contaminar o ar que os outros
devem respirar?
Nenhuma criatura humana necessita de fumo, mas há multidões
perecendo por falta dos meios que, empregados como são, fazem
mais mal do que se fossem desperdiçados. Não tendes estado a
empregar mal os bens do Senhor? Não tendes sido culpados de roubo
para com Deus e vossos semelhantes? Não sabeis que “não sois de
vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai,