Página 637 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Capítulo 67 — Feitiçaria antiga e moderna
O relato escriturístico da visita de Saul à mulher de En-Dor, tem
sido uma fonte de perplexidade a muitos estudiosos da Bíblia. Há
alguns que assumem a posição de que Samuel estava efetivamente
presente na entrevista com Saul; mas a própria Bíblia oferece base
suficiente para uma conclusão contrária. Se, como alguns pretendem,
Samuel estava no Céu, ele deveria ter sido chamado dali, ou pelo
poder de Deus, ou pelo de Satanás. Ninguém poderá crer por um
momento sequer que Satanás tivesse poder para chamar do Céu o
santo profeta de Deus para honrar os enganos de uma mulher perdida.
Tampouco podemos concluir que Deus o chamasse à caverna da
feiticeira; pois o Senhor já Se havia recusado a comunicar-Se com
Saul, por meio de sonhos, por Urim, ou por profetas.
1 Samuel 28:6
.
Tais eram os meios indicados por Deus para a comunicação, e Ele os
não preteriria para transmitir a mensagem pela operação de Satanás.
A própria mensagem traz prova suficiente de sua origem. Seu
objetivo não foi levar Saul ao arrependimento, mas impeli-lo à ruína;
e isto não é a obra de Deus, mas a de Satanás. Ademais, o ato de Saul
ao consultar uma pitonisa é citado nas Escrituras como um motivo
por que ele foi rejeitado por Deus e abandonado à destruição: “Mor-
reu Saul por causa da sua transgressão com que transgrediu contra o
Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado;
e também porque buscou a adivinhadora
para a
consultar. E não
buscou ao Senhor, pelo que o matou, e transferiu o reino a Davi,
filho de Jessé”.
1 Crônicas 10:13, 14
. Aqui declara-se distintamente
que Saul consultou o espírito de adivinhação, e não ao Senhor. Ele
não se comunicou com Samuel, o profeta de Deus; mas, mediante
a feiticeira, entreteve comunicação com Satanás. Este não podia
apresentar o verdadeiro Samuel, mas apresentou um falsificado, que
serviu ao seu objetivo de enganar.
Quase todas as formas da antiga feitiçaria e encantamentos
baseavam-se na crença da comunicação com os mortos. Aqueles
que praticavam as artes da necromancia pretendiam ter relações com
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