Página 319 - Testemunhos Seletos 2 (2008)

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O verbo se fez carne
A união do divino com a natureza humana é uma das mais
preciosas e misteriosas verdades do plano da redenção. É dela que
fala o apóstolo Paulo nestas palavras: “Sem dúvida nenhuma, grande
é o mistério da piedade: Deus Se manifestou em carne.”
Essa verdade tem sido para muitos causa de dúvida e incre-
dulidade. Quando Cristo veio ao mundo — como Filho de Deus
e do homem — não foi compreendido pelo povo de Seu tempo.
Humilhou-Se, tomando a natureza humana para poder atingir a raça
decaída e reabilitá-la. Em virtude do pecado, porém, os homens
tinham o espírito obscurecido, as faculdades entorpecidas e a per-
cepção embotada a ponto de não Lhe discernirem o caráter divino
sob as vestes da humanidade. Esta falta de compreensão de sua parte
foi um obstáculo à obra que Cristo Se propunha realizar em seu
favor; de sorte que, para imprimir força aos Seus ensinos, precisou
muitas vezes definir e defender Sua posição. Pela referência ao Seu
caráter misterioso e divino, tentou dar às Suas idéias uma orientação
que favorecesse a virtude reformadora da verdade.
De outras vezes, servia-Se dos objetos da Natureza, que lhes
eram familiares, a fim de ilustrar as verdades divinas. O terreno
do coração era deste modo preparado para receber a boa semente.
Fazia sentir aos ouvintes que Seus interesses estavam identificados
com os deles e que Seu coração pulsava em simpatia por eles, nas
suas alegrias e tristezas. Ao mesmo tempo, podiam observar nEle
a revelação de um poder e excelência que muito excediam os que
possuíam seus mais respeitáveis rabinos. Os ensinos de Cristo se
assinalavam por uma simplicidade, dignidade e virtude até então
dele
desconhecidas, e sua involuntária exclamação eram estas
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palavras: “Nunca homem algum falou assim como este Homem.” O
povo escutava-O com prazer; mas os sacerdotes e príncipes — que
faltavam eles próprios à sua dignidade de guardiões da verdade —
aborreciam a Cristo pela graça nEle revelada, que afastava deles as
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Testimonies for the Church 5:746-749 (1889)
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