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Atos dos Apóstolos
por duas correntes, cada uma presa ao pulso de um dos soldados.
Não podia mover-se sem o conhecimento deles. Com as portas da
prisão firmemente seguras e uma forte guarda diante delas, toda a
possibilidade de livramento ou escape por meios humanos estava
excluída. Mas os extremos do homem são a oportunidade de Deus.
Pedro estava encerrado em uma cela cavada na rocha, cujas por-
tas tinham fortes ferrolhos e barras; e os soldados em guarda ficaram
responsabilizados pela custódia do prisioneiro. Mas os ferrolhos e
barras, e a guarda romana, que eficazmente removiam toda a possibi-
lidade de auxílio humano, não serviriam senão tornar mais completa
a vitória de Deus no livramento de Pedro. Herodes estava levantando
a sua mão contra o Onipotente, e deveria ser totalmente derrotado.
Aplicando o Seu poder, Deus estava prestes a salvar a vida preciosa
cuja destruição estavam os judeus tramando.
Era a última noite antes da planejada execução. Do Céu foi
enviado um poderoso anjo para libertar Pedro. As vigorosas portas
que prendiam o santo de Deus abriram-se sem auxílio de mãos
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humanas. O anjo do Altíssimo por elas penetrou, fechando-se as
portas sem ruído por trás dele. Ele entrou na cela, e ali estava Pedro,
dormindo tranqüilamente o sono de uma perfeita confiança.
A luz que circundava o anjo encheu a cela, mas não despertou
o apóstolo. Só quando ele sentiu o toque da mão do anjo e ouviu
uma voz dizendo: “Levanta-te depressa” (
Atos dos Apóstolos 12:7
),
acordou o suficiente para ver a cela iluminada pela luz celestial,
e um anjo de grande glória, em pé diante dele. Automaticamente,
obedeceu à ordem que lhe foi dada e, como ao se levantar ergueu as
mãos, tornou-se meio consciente de que as cadeias lhe caíram dos
pulsos.
De novo lhe ordenou a voz do mensageiro celestial: “Cinge-
te, e ata as tuas alparcas” (
Atos dos Apóstolos 12:8
), e de novo
Pedro automaticamente obedeceu, conservando o admirado olhar
voltado para o visitante, e crendo estar sonhando ou em visão. Mais
uma vez o anjo ordenou: “Lança às costas a tua capa, e segue-me”
Ele se moveu em direção à porta, seguido por Pedro, usualmente
loquaz, agora mudo de espanto. Passaram pela guarda e chegaram
à porta, pesadamente aferrolhada, que por si mesma se abriu, e
imediatamente se fechou de novo, enquanto os guardas dentro e fora
permaneceram imóveis em seu posto.