Chamado à mais elevada norma
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Tal não é o caso na milícia cristã. Ninguém que se submete
às condições ficará desapontado ao fim da carreira. Ninguém que
seja fervoroso e perseverante deixará de alcançar sucesso. Não é dos
ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja. O mais fraco dos santos,
bem como o mais forte, podem alcançar a coroa de glória imortal.
Podem vencer todos os que, pelo poder da divina graça, conduzem a
vida em conformidade com a vontade de Cristo. Nos pormenores da
vida, a prática dos princípios estabelecidos pela Palavra de Deus é,
não raro, olhada como coisa sem importância — assunto por demais
trivial para que se lhe dê atenção. Mas, considerando o que está em
jogo, nada é pequeno quando ajuda ou estorva. Cada ato acrescenta
seu peso na balança que determina a vitória ou fracasso na vida. E
a recompensa dada aos que triunfam será proporcional à energia e
fervor com que lutaram.
O apóstolo se compara a uma pessoa disputando uma corrida,
exigindo de cada músculo para alcançar o prêmio. “Pois eu assim
corro”, diz ele, “não como a coisa incerta; assim combato, não como
batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão,
para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma
maneira a ficar reprovado”.
1 Coríntios 9:27
. Para que não viesse a
correr incertamente ou a esmo na carreira cristã, Paulo se submetia
a severo exercício. As palavras “subjugo o meu corpo”, literalmente
significam repelir por severa disciplina os desejos, os impulsos e as
paixões.
Paulo temia que, tendo pregado a outros, viesse ele próprio a ficar
reprovado. Compreendia que se não praticasse na vida os princípios
em que cria e que pregava, seu trabalho em favor de outros em
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nada lhe aproveitaria. Sua conversação, sua influência, sua recusa
de render-se à satisfação própria, deviam mostrar que sua religião
não era mera profissão mas um viver diário em ligação com Deus.
Um alvo mantinha ele sempre diante de si, e lutava fervorosamente
por alcançá-lo: “a justiça que vem de Deus pela fé”.
Filipenses 3:9
.
Paulo sabia que sua batalha contra o mal não terminaria en-
quanto ele tivesse vida. Sempre sentia a necessidade de praticar
estrita vigilância sobre si mesmo, para que os desejos terrestres não
conseguissem minar seu zelo espiritual. Com todas as suas forças,
continuava a lutar contra as inclinações naturais. Sempre mantinha
diante de si o ideal a ser alcançado, e esse ideal procurava alcançar