A última viagem de Paulo a Jerusalém
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inimigos. Estava-se aproximando da cidade que tinha rejeitado e
matado o Filho de Deus, e sobre a qual agora pairavam as ameaças
da ira divina. Relembrando quão amargos tinham sido seus próprios
preconceitos contra os seguidores de Cristo, sentia a mais profunda
piedade por seus iludidos compatriotas. E no entanto, quão pouco
podia ele esperar ser capaz de fazer para ajudá-los! A mesma ira cega
que antes inflamara seu coração, ardia agora com inaudito poder no
coração de toda uma nação contra ele.
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E ele não poderia contar com a simpatia e o auxílio de seus
próprios irmãos na fé. Os incrédulos judeus que lhe haviam tão de
perto seguido os passos, não haviam demorado em fazer circular em
Jerusalém os boatos mais desfavoráveis sobre ele e sua obra, tanto
por carta como pessoalmente; e alguns, mesmo dentre os apóstolos e
anciãos, tinham tomado esses relatos por verdadeiros, nada fazendo
para contradizê-los, e não manifestando desejo de se harmonizarem
com ele.
Se bem que assaltado de desânimo, o apóstolo não se desesperara.
Confiava em que a voz que lhe falara ao próprio coração ainda falaria
ao de seus concidadãos, e que o Mestre a quem os condiscípulos
amavam e serviam uniria ainda seus corações ao dele na obra do
evangelho.
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