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Atos dos Apóstolos
Em Mirra, na província de Lícia, o centurião encontrou um grande
navio de Alexandria, que viajava para a costa da Itália, e para esse
navio transferiu imediatamente os prisioneiros. Mas os ventos eram
ainda contrários, e o progresso do navio foi difícil. Lucas escreve:
“E, como por muitos dias navegássemos vagarosamente, havendo
chegado apenas defronte a Cnido, não nos permitindo o vento ir mais
adiante, navegamos abaixo de Creta, junto de Salmone. E, costeando-
a dificilmente, chegamos a um lugar chamado Bons Portos.”
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Em Bons Portos foram forçados a ficar por algum tempo, es-
perando vento favorável. O inverno estava-se aproximando rapi-
damente, “sendo já perigosa a navegação”; e os que tinham a res-
ponsabilidade do navio tiveram que desistir de alcançar seu destino
antes que a época favorável para a navegação marítima se encer-
rasse naquele ano. A única questão a ser decidida, então, era se
deviam permanecer em Bons Portos ou tentar alcançar um lugar
mais favorável para invernar.
Essa questão foi calorosamente discutida, sendo afinal referida
pelo centurião a Paulo, o qual conquistara o respeito tanto dos sol-
dados como da tripulação. Sem hesitação o apóstolo aconselhou
ficarem onde estavam. “Vejo”, disse ele, “que a navegação há de
ser incômoda, e com muito dano, não só para o navio e carga, mas
também para as nossas vidas” Mas “o piloto” e o “mestre” do navio
e a maioria dos passageiros e toda a tripulação não quiseram aceitar
esse conselho. Como aquele porto em que ancoraram “não era cô-
modo para invernar, os mais deles foram de parecer que se partisse
dali para ver se podiam chegar a Fênix, que é um porto de Creta que
olha para a banda do vento da África e do Coro, e invernar ali”.
Atos
dos Apóstolos 27:8-12
.
O centurião decidiu seguir o discernimento da maioria. De co-
mum acordo, “soprando o vento sul brandamente”, deixaram Bons
Portos na esperança de que alcançariam logo o desejado porto. “Mas,
não muito depois, deu nela um pé-de-vento [...] E, sendo o navio
arrebatado” (
Atos dos Apóstolos 27:13-15
), não podiam navegar
contra o vento.
Impulsionado pela tempestade, o navio se aproximou da pequena
ilha de Clauda, e nesse abrigo os tripulantes se prepararam para o
pior. O bote salva-vidas, seu único meio de escape no caso do navio
afundar, estava amarrado, e sujeito a ser feito em pedaços a cada