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Atos dos Apóstolos
a submissão de seus súditos. Era reconhecido como o governador
absoluto de todo o mundo civilizado. Mais que isso, foi feito objeto
de honras divinas e adorado como um deus.
Do ponto de vista do juízo humano, era certa a condenação de
Paulo perante tal juiz. Mas o apóstolo compreendia que, enquanto
ele fosse fiel a Deus, nada teria a temer. Aquele que no passado fora
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o seu protetor, poderia ainda protegê-lo da maldade dos judeus e do
poder de César.
E Deus amparou Seu servo. Ao ser Paulo interrogado, não fo-
ram sustentadas as acusações feitas contra ele; e, contrariamente à
expectativa geral, e com um respeito pela justiça inteiramente em
desacordo com o seu caráter, Nero declarou inocente o prisioneiro.
As cadeias de Paulo foram removidas; tornou-se novamente homem
livre.
Tivesse o seu julgamento demorado mais, ou fosse ele por qual-
quer motivo detido em Roma até o ano seguinte, e teria sem dúvida
perecido na perseguição que então aconteceu. Durante a prisão de
Paulo, os conversos ao cristianismo se tornaram tão numerosos que
atraíram a atenção e despertaram a inimizade das autoridades. A
ira do imperador se despertou de modo especial pela conversão dos
membros de sua própria casa, e logo encontrou pretexto para fazer
dos cristãos objeto de sua inexorável crueldade.
Ocorreu por aquele tempo um terrível incêndio em Roma, pelo
qual quase metade da cidade se queimou. O próprio Nero, falava-se,
ateara o fogo, mas, para desviar as suspeitas, fez uma ostentação
de grande generosidade, prestando assistência aos que ficaram sem
lar e destituídos de seus bens. Foi, contudo, acusado do crime. O
povo ficou agitado e enraivecido, e Nero, a fim de inocentar-se e
também livrar a cidade de uma classe que ele temia e odiava, voltou
a acusação contra os cristãos. Seu expediente foi bem-sucedido, e
milhares de seguidores de Cristo — homens, mulheres e crianças —
foram cruelmente mortos.
Dessa terrível perseguição Paulo foi poupado; pois que, logo
depois de seu libertamento, deixara Roma. Esse último intervalo
de liberdade ele aproveitara diligentemente, trabalhando entre as
igrejas. Procurou estabelecer uma união mais firme entre as igrejas
gregas e orientais e fortificar o espírito dos crentes contra as falsas
doutrinas que estavam a entrar sorrateiramente para corromper a fé.