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Atos dos Apóstolos
da salvação deles. Perdeu de vista a ocasião em que se encontrava, os
perigos que o cercavam, o terrível destino que parecia tão próximo.
Via somente a Jesus, o Intercessor, pleiteando perante Deus em
prol de homens pecadores. Com eloqüência e poder mais do que
humanos, Paulo apresentou as verdades do evangelho. Apontou a
seus ouvintes o sacrifício feito pela raça decaída. Declarou que um
preço infinito foi pago pela redenção do homem. Foram-lhe providos
os meios para participar do trono de Deus. Por meio de mensageiros
angélicos, a Terra está ligada ao Céu, e todas as ações dos homens,
sejam boas ou más, estão patentes aos olhos da Justiça Infinita.
Assim pleiteou o advogado da verdade. Fiel entre infiéis, leal
entre desleais, achava-se ele como o representante de Deus, e sua
voz era como a voz do Céu. Não havia temor, tristeza, desânimo nas
suas palavras ou aspecto. Forte na convicção da inocência, revestido
da armadura da verdade, regozijava-se em ser filho de Deus. Suas
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palavras eram uma aclamação de vitória por sobre o troar da batalha.
Ele declarava ser a causa a que dedicou a vida, a única que nunca
poderá falhar. Embora ele perecesse, o evangelho não pereceria.
Deus vive, e Sua verdade triunfará.
Muitos que naquele dia olharam para ele, “viram o seu rosto
como o rosto de um anjo”.
Atos dos Apóstolos 6:15
.
Nunca antes havia aquela multidão ouvido palavras como es-
sas. Elas tocaram uma corda que vibrou até no coração dos mais
endurecidos. A verdade, clara e convincente, derribou o erro. A luz
brilhou na mente de muitos que mais tarde seguiram alegremente
seus raios. As verdades expostas nesse dia estavam destinadas a
sacudir as nações, e a perdurar através de todos os tempos, influ-
enciando o coração dos homens quando os lábios que as haviam
proferido estivessem silenciosos na sepultura de um mártir.
Nunca antes ouvira Nero a verdade como a ouviu nessa ocasião.
Nunca antes os enormes crimes de sua vida tinham-lhe sido dessa
maneira revelados. A luz do Céu penetrou nos recessos de sua alma
poluída pelo pecado, e ele tremeu com terror ao pensar em um
tribunal perante o qual ele, o governador do mundo, seria finalmente
citado, recebendo suas obras a justa sentença. Temeu o Deus do
apóstolo, e não ousou passar sentença contra Paulo, contra quem
nenhuma acusação pudera ser sustentada. Um sentimento de temor
restringiu por algum tempo seu espírito sanguinário.