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Atos dos Apóstolos
perder de vista a excessiva malignidade do pecado. Há necessidade
de mostrar-se paciência e amor semelhantes aos de Cristo pelo que
erra, mas há também o perigo de se mostrar tão grande tolerância
pelo seu erro que ele se considerará não merecedor de reprovação e
a rejeitará como inoportuna e injusta.
Os ministros do evangelho às vezes causam grande dano per-
mitindo que sua tolerância pelo que erra degenere em tolerância
pelos pecados, e mesmo participação deles. Assim são levados a
desculpar e passar por alto o que Deus condena e, depois de certo
tempo, tornam-se tão cegos que chegam a louvar aqueles a quem
Deus manda reprovar. Aquele que tem suas percepções espirituais
embotadas pela pecaminosa tolerância por aqueles a quem Deus
condena, em breve estarão cometendo maior pecado pela severidade
e rudeza no trato para com aqueles aos quais Deus aprova.
Por se orgulharem de humana sabedoria, por menosprezarem a
influência do Espírito Santo e por aversão às verdades da Palavra
de Deus, muitos que professam ser cristãos e que se imaginam
competentes para ensinar a outros, serão levados a voltar as costas
aos requisitos de Deus. Paulo declarou a Timóteo: “Porque virá
tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas tendo comichão nos
ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas”.
2 Timóteo 4:3, 4
.
O apóstolo não faz aqui referência a aberta irreligiosidade, mas a
professos cristãos que fazem da inclinação guia, tornando-se assim
escravos do eu. Tais pessoas estão dispostas a atentar apenas às
doutrinas que lhes não repreendam os pecados ou condenem a vida
de amor ao prazer. Sentem-se ofendidos pelas claras palavras dos
fiéis servos de Cristo, e escolhem mestres que os louvem e adulem.
E entre os professos ministros há os que pregam as opiniões dos
homens em lugar da Palavra de Deus. Infiéis ao dever, desviam os
que a eles vão em busca de orientação espiritual.
Nos preceitos de Sua santa lei, deu Deus uma regra perfeita de
vida; e Ele declarou que, até o fim do tempo, essa lei, imutável num
jota ou num til, deve manter seus reclamos sobre os seres humanos.
Cristo veio para engrandecer a lei e a tornar gloriosa. Mostrou que
ela está baseada no amplo fundamento do amor a Deus e amor aos
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homens, e que a obediência a seus preceitos compreende todo o dever