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O comércio de bebidas e a proibição
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Deve isso continuar sempre? Hão de almas lutar sempre pela
vitória tendo diante de si aberta a porta da tentação? Deverá a mal-
dição da intemperança ficar para sempre como uma praga sobre o
mundo civilizado? Deverá continuar a devastar, todos os anos, qual
incêndio consumidor, a milhares de lares felizes? Quando um navio
naufraga à vista da praia, o povo não fica em ociosa contemplação.
Arriscam a vida no esforço de salvar homens e mulheres de encon-
trar a sepultura no mar. Quanto mais necessário não é o esforço para
salvá-los da sorte de um alcoólatra!
Não são somente o bêbado e sua família os que se acham em
perigo pela obra do comerciante de bebidas, nem é o peso do imposto
o maior mal trazido por seu comércio à coletividade. Achamo-nos
entretecidos na teia humana. O mal que sobrevém a qualquer parte
da grande fraternidade humana põe a todos em perigo.
Muitas pessoas que, mediante o amor do lucro ou da comodidade,
nada quereriam ter no restringir o comércio das bebidas, verificaram,
demasiado tarde, que esse comércio tinha que ver com elas. Viu
seus próprios filhos embrutecidos e arruinados. A anarquia anda
a rédeas soltas. Corre risco a propriedade. A vida não está em
segurança. Multiplicam-se os acidentes por terra e mar. Doenças que
crescem nos antros da imundícia e da miséria abrem caminho até
aos lares senhoriais e luxuosos. Os vícios fomentados pelos filhos
da depravação e do crime infectam filhos e filhas de casas distintas e
cultas.
Não existe pessoa a quem o tráfico das bebidas não ponha em
risco. Não há homem que não deva, por sua própria segurança, pôr
mãos à obra de o destruir.
Mais que quaisquer outras instituições que tenham de lidar ape-
nas com interesses seculares, as câmaras legislativas e os tribunais
de justiça se devem achar isentos da praga da intemperança. Go-
vernadores, senadores, deputados, juízes, homens que decretam e
administram as leis de uma nação, homens que têm nas mãos a vida,
a boa reputação e os bens de seus semelhantes devem ser homens
de estrita temperança. Somente assim podem eles ter clara a mente
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para discriminar entre o bem e o mal. Só assim podem possuir fir-
meza de princípios e sabedoria para ministrar a justiça e mostrar
misericórdia. Mas como reza o relatório? Quantos desses homens
têm a mente nublada, confuso o senso do bem e do mal pela be-