94
A Ciência do Bom Viver
lhes o compromisso de abstinência total, pedindo que o dinheiro
que, de outro modo, eles gastariam em bebidas, fumo ou prazeres
semelhantes seja consagrado a aliviar os pobres, enfermos, ou à
educação de crianças e jovens de modo a serem úteis no mundo.
Não seriam muitos os que se negassem a ouvir apelos semelhantes.
Há outro perigo a que os ricos se acham especialmente expostos,
e aí está também um campo aberto ao médico-missionário. Multi-
dões de pessoas prósperas no mundo que nunca desceram às formas
comuns do vício, são ainda levadas à ruína mediante o amor das
riquezas. O cálice mais difícil de conduzir não é o que se acha vazio,
mas o que está cheio até às bordas. É este que de mais cuidadoso
equilíbrio necessita. A aflição e adversidade trazem decepção e dor;
mas é a prosperidade que mais perigo oferece à vida espiritual.
Os que estão sofrendo reveses são representados pela sarça que
Moisés viu no deserto que, embora ardendo, não se consumia. O anjo
do Senhor estava no meio da sarça. Assim, na perda e na aflição,
o brilho da presença do Invisível se encontra conosco para nos
[81]
confortar e suster. Freqüentemente solicitam-se orações para os que
estão padecendo por doença ou adversidade; nossas orações são,
entretanto, mais necessitadas pelos homens a quem foram confiadas
prosperidade e influência.
No vale da humilhação, onde os homens sentem sua necessidade
e confiam em que Deus lhes guiará os passos, há relativa segurança.
Mas aqueles que se acham, por assim dizer, em elevados pináculos, e
que, devido a sua posição, se julgam possuidores de grande sabedoria
— estes se encontram no maior perigo. A menos que esses homens
tornem Deus a sua confiança, hão de por certo cair.
A Bíblia não condena ninguém por ser rico, uma vez que haja
adquirido suas riquezas honestamente. Não o dinheiro, mas o amor
do dinheiro é a raiz de todos os males. É Deus que dá aos homens
poder para adquirir fortuna; e nas mãos daquele que agir como mor-
domo de Deus, empregando seus meios altruistamente, a fortuna é
uma bênção — tanto para seu possuidor como para o mundo. Mui-
tos, porém, absorvidos em seus interesses nos tesouros mundanos,
tornam-se insensíveis aos reclamos de Deus e às necessidades de
seus semelhantes. Consideram sua riqueza como um meio de glorifi-
carem a si mesmos. Acrescentam casa a casa, e terra a terra: enchem
sua casa de luxo, enquanto tudo ao seu redor são seres humanos em