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O Desejado de Todas as Nações
Era, na aparência, um personagem simples, vestido, como eles, nos
humildes trajes dos pobres.
Havia entre a multidão alguns que, por ocasião do batismo de
Cristo, tinham testemunhado a glória divina, e ouvido a voz de Deus.
Desde então, porém, mudara grandemente a aparência do Salvador.
Em Seu batismo, tinham-Lhe visto o semblante transfigurado à luz
do Céu; agora, pálido, esgotado, emagrecido, ninguém O reconhe-
cera senão o profeta João.
Ao olhar o povo para Ele, no entanto, viram uma fisionomia
em que se uniam a divina compaixão e o poder consciente. Toda
a expressão do olhar, todo traço do semblante, assinalava-se pela
humildade, e exprimia indizível amor. Parecia circundado duma
atmosfera de influência espiritual. Ao passo que Suas maneiras eram
suaves e despretensiosas, imprimia nos homens um sentimento de
poder que, embora oculto, não podia inteiramente velar. Era esse
Aquele por quem Israel tão longamente esperava?
Jesus veio em pobreza e humildade, para que pudesse ser nosso
exemplo, ao mesmo tempo que nosso Redentor. Houvesse aparecido
com pompa real, e como poderia ter ensinado a humildade? como
poderia haver apresentado tão incisivas verdades como as do ser-
mão da montanha? Onde estaria a esperança dos humildes da vida,
houvesse Jesus vindo habitar como rei entre os homens?
Para a multidão, no entanto, parecia impossível que Aquele que
era designado por João Se pudesse relacionar com suas elevadas
antecipações. Assim, muitos ficaram decepcionados e grandemente
perplexos.
As palavras que os sacerdotes e rabis tanto desejavam ouvir,
de que Jesus havia de restaurar então o reino a Israel, não foram
proferidas. Por um rei assim haviam eles esperado ansiosamente; tal
rei estavam prontos a receber. Mas um que buscasse estabelecer-lhes
no coração um reino de justiça e paz, não aceitariam.
No dia seguinte, enquanto dois discípulos estavam ao seu lado,
João viu novamente Jesus entre o povo. O rosto do profeta iluminou-
se outra vez com a glória do Invisível, ao exclamar: “Eis aqui o
Cordeiro de Deus”. Estas palavras fizeram pulsar o coração dos
discípulos. Não as compreenderam plenamente. Que significaria o
nome que João Lhe dera — “o Cordeiro de Deus”? O próprio João
não as explicara.