Página 125 - O Desejado de Todas as Na

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Em seu templo
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e compaixão. Em lugar de cuidar do próprio proveito, deviam ter
considerado a situação e as necessidades dos adoradores, e estado
prontos a ajudar os que não podiam comprar os sacrifícios exigidos.
Mas assim não fizeram. A avareza lhes endurecera o coração.
Iam a essa festa pessoas que se achavam em sofrimento, em
necessidade, em aflição. O cego, o coxo, o surdo, ali se achavam.
Alguns eram levados em leitos. Iam muitos demasiado pobres para
comprar a mais humilde oferta para o Senhor, pobres demais mesmo
para comprar o alimento com que saciassem a própria fome. Estes
ficavam grandemente desanimados com as declarações dos sacerdo-
tes. Os sacerdotes gloriavam-se de sua piedade; pretendiam ser os
guardas do povo; eram no entanto, faltos de simpatia e compaixão.
O pobre, o doente, o moribundo, em vão suplicavam favor. Seus
sofrimentos não despertavam piedade no coração dos sacerdotes.
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Ao penetrar Jesus no templo, abrangeu toda a cena. Viu as de-
sonestas transações. Viu a aflição do pobre, que julgava que, sem
derramar sangue, não havia perdão para seus pecados. Viu o pátio
exterior do Seu templo convertido em lugar de comércio profano. O
sagrado recinto transformara-se em vasta praça de câmbio.
Cristo viu que era necessário fazer alguma coisa. Numerosas
eram as cerimônias exigidas do povo, sem a devida instrução quanto
ao sentido das mesmas. Os adoradores ofereciam seus sacrifícios,
sem compreender que eram símbolos do único Sacrifício perfeito. E
entre eles, não reconhecido nem honrado, achava-Se Aquele a quem
prefiguravam todos os seus cultos. Ele dera instruções quanto às ofer-
tas. Compreendia-lhes o valor simbólico, e via que estavam agora
pervertidas e mal interpretadas. O culto espiritual estava desapare-
cendo rapidamente. Nenhum laço ligava os sacerdotes e principais
ao seu Deus. A obra de Cristo era estabelecer um culto totalmente
diverso.
Enquanto ali, de pé, nos degraus do pátio do templo, Cristo
abrangeu com penetrante visão, a cena que estava perante Ele. Seu
olhar profético penetra o futuro, e vê, não somente anos, mas séculos
e gerações. Vê como sacerdotes e principais despojam o necessitado
de seu direito, e proíbem que o evangelho seja pregado ao pobre. Vê
como o amor de Deus seria ocultado aos pecadores, e os homens
fariam de Sua graça mercadoria. Ao contemplar a cena, exprimem-
se-Lhe na fisionomia indignação, autoridade e poder. A atenção do