Página 129 - O Desejado de Todas as Na

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Em seu templo
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Arrepender-se, não o queriam eles. Sabiam que se haviam des-
pertado as simpatias de Cristo para com os pobres. Sabiam-se cul-
pados de extorsão em seu trato com o povo. Como Cristo lhes pe-
netrasse os pensamentos, aborreceram-nO. Sua pública repreensão
humilhava-lhes o orgulho, e tinham ciúmes da crescente influência
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que ia conquistando entre o povo. Decidiram intimidá-Lo a declarar
com que autoridade os expulsara, e quem Lha conferira.
Lenta e refletidamente, mas com ódio no coração, voltaram ao
templo. Que mudança, porém, se operara durante sua ausência!
Ao fugirem, haviam ficado atrás os pobres; e estes contemplavam
agora a Jesus, cujo semblante exprimia amor e simpatia. Com olhos
marejados de lágrimas, dizia às trêmulas criaturas que O cercavam:
Não temas; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás. Para isso vim ao
mundo.
O povo comprimia-se diante dEle, dirigindo-Lhe insistentes e
lastimosos apelos. Mestre, abençoa-me! Seus ouvidos escutavam a
todo clamor. Com uma compaixão maior que a de uma terna mãe,
inclinava-Se para os sofredores. Todos eram objeto de Sua atenção.
Cada um era curado de qualquer moléstia que tivesse. Os mudos
abriam os lábios em louvor; os cegos contemplavam o rosto de seu
Restaurador. Alegrava-se o coração dos enfermos.
Ao passo que os sacerdotes e oficiais do templo testemunhavam
essa grande obra, que revelação não era para eles o que lhes chegava
aos ouvidos! O povo contava a história de seus padecimentos, das
frustradas esperanças, dos dolorosos dias e noites insones. Quando
a última centelha de esperança parecia extinta, Cristo os curara. O
fardo era pesado, dizia um, mas encontrei um Ajudador. Ele é o
Cristo de Deus, e devotarei minha vida a Seu serviço. Pais diziam
aos filhos: Ele te salvou a vida; levanta a tua voz e bendize-O. A
voz das crianças e a dos jovens, pais e mães, amigos e espectadores
uniam-se em louvor. Esperança e alegria enchiam-lhes o coração. O
espírito possuía-se de paz. Eram restaurados na mente e no corpo,
e voltavam para casa proclamando por toda parte o incomparável
amor de Jesus.
Na crucifixão, os que assim foram curados não se uniram à
turba vil que exclamava: “Crucifica-O, crucifica-O”. Suas simpatias
eram para Jesus; pois Lhe haviam sentido a grande compaixão e
o maravilhoso poder. Sabiam que era seu Salvador; pois lhes dera