Página 199 - O Desejado de Todas as Na

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“Não é este o filho do carpinteiro?”
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homem, no princípio, o desagrado por ela, mediante a apresentação
de fábulas que induziram à exaltação própria. Não encontramos hoje
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teorias e doutrinas que não têm fundamento na Palavra de Deus? Os
homens a elas se apegam tão tenazmente, como os judeus às suas
tradições.
Os guias judaicos estavam cheios de orgulho espiritual. Seu
desejo de glorificação própria manifestava-se mesmo no serviço do
santuário. Amavam os melhores assentos na sinagoga. Amavam as
saudações nas praças, e satisfaziam-se com a publicação de seus
títulos por lábios de homens. À medida que declinava a verdadeira
piedade, tornavam-se mais zelosos de suas tradições e cerimônias.
Em vista de terem o entendimento obscurecido pelo preconceito
egoísta, não podiam harmonizar o poder das convincentes palavras
de Cristo com a humildade de Sua vida. Não apreciavam o fato de
que a verdadeira grandeza dispensa a ostentação. A pobreza desse
Homem parecia inteiramente em desacordo com Sua afirmação de
ser o Messias. Cogitavam: Se Ele é o que pretende, por que é tão
modesto? Se estava satisfeito de não ter a força das armas, que seria
da nação deles? Como poderiam o poder e a glória tão longamente
antecipados, trazer as nações em submissão à cidade dos judeus?
Não haviam os sacerdotes ensinado que Israel devia exercer domínio
sobre a Terra? E seria possível que os grandes mestres religiosos
laborassem em erro?
Mas não foi apenas a ausência de glória exterior na vida de Jesus
que levou os judeus a rejeitá-Lo. Ele era a personificação da pureza,
e eles eram impuros. Ele vivia entre os homens como exemplo de
imaculada integridade. Sua vida irrepreensível projetava luz sobre
o coração deles. Sua sinceridade lhes revelava a insinceridade. Ela
manifestava o vazio de sua pretensa piedade, e mostrava-lhes a
iniqüidade em seu odioso caráter. Essa luz era mal recebida.
Se Cristo houvesse chamado a atenção para os fariseus, e lhes
exaltasse o saber e a piedade, tê-Lo-iam saudado com alegria. Mas
quando lhes falou do reino do Céu como uma dispensação de mi-
sericórdia a toda a humanidade, estava a apresentar um aspecto da
religião que eles não suportavam. Seu próprio exemplo e ensino
nunca haviam sido de molde a tornar desejável o serviço de Deus.
Ao verem Jesus dando atenção àqueles mesmos que odiavam e re-
peliam, isso lhes incitava as piores paixões no coração orgulhoso.