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O Desejado de Todas as Nações
governo. Falava-se vastamente uma língua, a qual era por toda parte
reconhecida como a língua da literatura. De todas as terras os judeus
da dispersão reuniam-se em Jerusalém para as festas anuais. Ao
voltarem para os lugares de sua peregrinação, podiam espalhar por
todo o mundo as novas da vinda do Messias.
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Por essa época, os sistemas pagãos iam perdendo o domínio
sobre o povo. Os homens estavam cansados de aparências e fábulas.
Ansiavam uma religião capaz de satisfazer a alma. Conquanto a luz
da verdade parecesse afastada dos homens, havia almas ansiosas de
luz, cheias de perplexidade e dor. Tinham sede do conhecimento do
Deus vivo, da certeza de uma vida para além da morte.
À medida que Israel se havia separado de Deus, sua fé se enfra-
quecera, e a esperança deixara, por assim dizer, de iluminar o futuro.
As palavras dos profetas eram incompreendidas. Para a massa do
povo, a morte era um terrível mistério; para além, a incerteza e as
sombras. Não era só o pranto das mães de Belém, mas o clamor
do grande coração da humanidade, que chegou ao profeta através
dos séculos — a voz ouvida em Ramá, “lamentação, choro e grande
pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser conso-
lada, porque já não existem”.
Mateus 2:18
. Na “região da sombra
da morte”, sentavam-se os homens sem consolação. Com olhares
ansiosos, aguardavam a vinda do Libertador, quando as trevas seriam
dispersas, e claro se tornaria o mistério do futuro.
Fora da nação judaica houve homens que predisseram o apareci-
mento de um instrutor. Esses homens andavam em busca da verdade,
e foi-lhes comunicado o Espírito de inspiração. Um após outro,
quais estrelas num céu enegrecido, haviam-se erguido esses mestres.
Suas palavras de profecia despertaram a esperança no coração de
milhares, no mundo gentio.
Fazia séculos que as Escrituras haviam sido traduzidas para o
grego, então vastamente falado no império romano. Os judeus esta-
vam espalhados por toda parte, e sua expectação da vinda do Messias
era, até certo ponto, partilhada pelos gentios. Entre aqueles a quem
os judeus classificavam de pagãos, encontravam-se homens que pos-
suíam melhor compreensão das profecias da Escritura relativas ao
Messias, do que os mestres de Israel. Alguns O esperavam como
Libertador do pecado. Filósofos esforçavam-se por estudar a fundo
o mistério da organização dos hebreus. A hipocrisia destes, porém,