Página 253 - O Desejado de Todas as Na

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O sermão da montanha
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por compreender as verdades que teriam de dar a conhecer em todas
as terras em todos os séculos.
Com a impressão de que podiam esperar qualquer coisa acima do
comum, apertaram-se todos em volta do Mestre. Acreditavam que
o reino seria em breve estabelecido, e em vista dos acontecimentos
daquela manhã, convenceram-se de que seria feita alguma declaração
a esse respeito. Também a multidão estava em atitude de expectativa,
e a ansiedade das fisionomias atestava o profundo interesse. Ao
sentar-se o povo na verdejante encosta, aguardando as palavras do
divino Mestre, tinham o coração cheio de pensamentos quanto à
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glória futura. Havia escribas e fariseus que esperavam o dia em que
lhes seria dado domínio sobre os odiados romanos, e possuíssem
as riquezas do grande império do mundo. Os pobres camponeses e
pescadores esperavam ouvir a certeza de que suas míseras choças, o
escasso alimento, a vida de árduo labutar e o temor da necessidade,
deviam ser trocados por mansões onde reinassem abundância e dias
de sossego. Em lugar da ordinária vestimenta que os abrigava de dia,
e do cobertor que os agasalhava à noite, esperavam, Cristo lhes daria
os ricos e custosos trajes de seus conquistadores. Todos os corações
fremiam à orgulhosa esperança de que Israel seria em breve honrado
ante as nações como os escolhidos do Senhor, e Jerusalém exaltada
como a sede do reino universal.
Cristo decepcionou essa esperança de mundana grandeza. No
sermão do monte, procurou desfazer a obra da falsa educação, dando
a Seus ouvintes conceito exato de Seu reino, bem como de Seu
próprio caráter. Não atacou, todavia, diretamente os erros do povo.
Via as misérias do mundo em razão do pecado, mas não lhes apre-
sentou um quadro vivo de sua desgraça. Ensinou-lhes alguma coisa
infinitamente melhor do que haviam conhecido. Sem lhes combater
as idéias acerca do reino de Deus, disse-lhes as condições de entrada
ali, deixando-os tirar suas próprias conclusões quanto à natureza
do mesmo. As verdades que ensinou não são menos importantes
para nós que para a multidão que O seguia. Não menos do que eles
necessitamos nós de aprender os princípios fundamentais do reino
de Deus.
As primeiras palavras de Cristo ao povo, no monte, foram de
bênção. Bem-aventurados, disse, são os que reconhecem sua pobreza
espiritual, e sentem sua necessidade de redenção. O evangelho deve