Página 27 - O Desejado de Todas as Na

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“A plenitude dos tempos”
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no templo haviam perdido de vista a significação do serviço que
realizavam. Deixaram de olhar, para além do símbolo, àquilo que ele
significava. Apresentando as ofertas sacrificais, eram como atores
num palco. As ordenanças que o próprio Deus indicara, tinham-se
tornado o meio de cegar o espírito e endurecer o coração. Deus não
poderia fazer nada mais pelo homem por meio desses veículos. Todo
o sistema devia ser banido.
O engano do pecado atingira sua culminância. Todos os meios
para depravar a alma dos homens haviam sido postos em operação.
Contemplando o mundo, o Filho de Deus viu sofrimento e miséria.
Viu, com piedade, como os homens se tinham tornado vítimas da
crueldade satânica. Olhou compassivamente para os que estavam
sendo corrompidos, mortos, perdidos. Estes tinham escolhido um
dominador que os jungia a seu carro como cativos. Confundidos e
enganados, avançavam, em sombria procissão rumo à ruína eterna —
para a morte em que não há nenhuma esperança de vida, para a noite
que não tem alvorecer. Agentes satânicos estavam incorporados
com os homens. O corpo de criaturas humanas, feito para habitação
de Deus, tornara-se morada de demônios. Os sentidos, os nervos,
as paixões, os órgãos dos homens eram por agentes sobrenaturais
levados a condescender com a concupiscência mais vil. O próprio
selo dos demônios se achava impresso na fisionomia dos homens.
Esta refletia a expressão das legiões do mal de que se achavam
possessos. Eis a perspectiva contemplada pelo Redentor do mundo.
Que espetáculo para a Infinita Pureza!
O pecado se tornara uma ciência, e era o vício consagrado como
parte da religião. A rebelião deitara fundas raízes na alma, e vio-
lenta era a hostilidade do homem contra o Céu. Ficara demonstrado
perante o Universo que, separada de Deus, a humanidade não se po-
deria erguer. Novo elemento de vida e poder tinha de ser comunicado
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por Aquele que fizera o mundo.
Com intenso interesse, os mundos não caídos observavam para
ver Jeová levantar-Se e assolar os habitantes da Terra. E, fizesse
Deus assim, Satanás estaria pronto a executar seu plano de conquis-
tar a aliança dos seres celestiais. Declarara ele que os princípios
de Deus tornavam impossível o perdão. Houvesse o mundo sido
destruído, e teria pretendido serem justas as suas acusações. Estava
disposto a lançar a culpa sobre o Senhor, e estender sua rebelião