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O Desejado de Todas as Nações
No momento em que se julgavam perdidos, o clarão de um
relâmpago revela-lhes um misterioso vulto que deles se aproxima,
vindo sobre as águas. Não sabem, todavia, que é Jesus. Consideram
um inimigo, Aquele que os vinha ajudar. Apodera-se deles o terror.
Afrouxam-se as mãos que haviam empunhado o remo com pulso
de ferro. O barco ondula ao sabor das ondas; os olhares acham-
se voltados para essa visão de um homem a caminhar sobre as
alvacentas vagas do mar todo espumejante.
Julgam-nO um fantasma a lhes anunciar a ruína, e gritam ate-
morizados. Jesus avança como se lhes quisesse passar adiante;
reconhecem-nO, porém, e clamam por socorro. Seu amado Mestre
volve-Se, Sua voz acalma-lhes os temores: “Tende bom ânimo; sou
Eu, não temais.”
Logo que puderam acreditar no assombroso fato, Pedro ficou
como fora de si de alegria. Como se ainda mal pudesse crer, excla-
mou: “Senhor se és Tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.
E Ele disse: Vem.”
Olhando para Jesus, Pedro caminha firmemente; como satisfeito
consigo mesmo, porém, volta-se para os companheiros no barco,
desviando os olhos do Salvador. O vento ruge. As ondas encapelam-
se, alterosas, e interpõem-se exatamente entre ele e o Mestre; e ele
teme. Por um momento, Cristo fica-lhe oculto, e sua fé desfalece.
Começa a afundar. Mas ao passo que as ondas prenunciam morte,
Pedro ergue os olhos para Jesus e brada: “Senhor, salva-me!” Je-
sus segura imediatamente a estendida mão, dizendo: “Homem de
pequena fé, por que duvidaste?”
Andando lado a lado, a mão de Pedro na do Mestre, entraram
juntos no barco. Mas Pedro estava agora rendido e silencioso. Ne-
nhuma razão tinha de se vangloriar sobre os companheiros, pois
por causa da incredulidade e da exaltação quase perdera a vida. Ao
desviar de Cristo o olhar, foi-se-lhe o pé, e ei-lo a submergir-se.
Quantas vezes, ao sobrevir-nos aflição, fazemos como Pedro!
Olhamos para as ondas, em lugar de manter os olhos fixos no Salva-
dor. Os pés vacilam, e as orgulhosas águas passam por sobre nossa
alma. Jesus não disse a Pedro que fosse ter com Ele para que pere-
cesse; não nos chama a segui-Lo, para depois nos abandonar. “Não
temas”, diz-nos; “porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és
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Meu. Quando passares pelas águas, estarei contigo, e quando pelos