Página 333 - O Desejado de Todas as Na

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A crise na Galiléia
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Messias, todo o Israel seria alimentado. O ensino dos profetas tor-
nava clara a profunda lição espiritual no milagre dos pães. Essa lição
estava Cristo procurando patentear aos Seus ouvintes na sinagoga.
Houvessem entendido as Escrituras, e teriam compreendido Suas
palavras quando disse: “Eu sou o pão da vida.” Apenas na véspera a
grande multidão, faminta e cansada, se alimentara do pão por Ele
dado. Como daquele pão tinham recebido força física e refrigério,
assim poderiam receber de Cristo vigor espiritual para a vida eterna.
“Aquele que vem a Mim não terá fome, e quem crê em Mim nunca
terá sede.” Mas acrescentou: “Vós Me vistes, e contudo não credes.”
Tinham visto Cristo pelo testemunho do Espírito Santo, pela
revelação de Deus a sua alma. As vivas evidências de Seu poder
estiveram perante eles dia após dia; mas pediam ainda outro sinal.
Houvesse este sido dado, e permaneceriam tão incrédulos como
antes. Se não se convenciam pelo que tinham visto e ouvido, inútil
seria mandar-lhes mais obras maravilhosas. A incredulidade encon-
trará sempre desculpa para a dúvida, e raciocinará negativamente
sobre a mais positiva prova.
Novamente apelou Cristo para aqueles corações obstinados. “O
que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” Todo aquele
que O recebesse com fé, disse Ele, havia de ter a vida eterna. Ne-
nhum se podia perder. Não havia necessidade de os fariseus e os
saduceus discutirem quanto à vida futura. Não mais precisariam os
homens prantear, em desesperado desgosto, a morte dos queridos.
“E a vontade dAquele que Me enviou é esta: que todo aquele que
vê o Filho, e crê nEle, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no
último dia.”
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Mas os guias do povo se ofenderam, e “diziam: Não é este Jesus,
o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como pois diz Ele:
Desci do Céu?” Procuravam suscitar preconceito, referindo-se es-
carnecedoramente à humilde origem de Jesus. Com desdém aludiam
a Sua vida como operário galileu, e a Sua família como sendo pobre
e humilde. As pretensões desse iletrado Carpinteiro, diziam, eram
indignas de atenção. E, em razão de Seu misterioso nascimento,
insinuavam que era de duvidosa paternidade, apresentando assim as
circunstâncias humanas desse nascimento como uma mancha em
Sua história.