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O Desejado de Todas as Nações
corações descontentes indagavam porque, se Jesus podia realizar tão
assombrosas obras como as que tinham presenciado, não podia dar
saúde, força e riqueza a todo o Seu povo, libertá-lo de seus opres-
sores, e exaltá-lo ao poder e à honra. O fato de Ele pretender ser o
Enviado de Deus, e todavia recusar ser rei de Israel, era um mistério
que não podiam penetrar. Sua recusa foi mal-interpretada. Muitos
concluíram que não ousava afirmar Seus direitos, porque Ele próprio
duvidava do divino caráter de Sua missão. Abriram assim o coração
à incredulidade, e a semente que Satanás lançara deu fruto segundo
sua espécie em mal-entendido e deserção.
Então, meio zombeteiramente, um rabi perguntou: “Que sinal
pois fazes Tu, para que o vejamos, e creiamos em Ti? Que operas
Tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito:
Deu-lhes a comer o pão do Céu.”
Os judeus honravam a Moisés como doador do maná, rendendo
louvor ao instrumento e perdendo de vista Aquele por quem a obra
fora operada. Seus pais tinham murmurado contra Moisés, e posto
em dúvida e negado sua missão divina. Agora, no mesmo espírito,
os filhos rejeitaram Aquele que lhes apresentava a mensagem de
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Deus. “Na verdade, na verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão
do Céu; mas Meu Pai vos dá o verdadeiro pão do Céu.” O doador do
maná ali estava entre eles. Fora o próprio Cristo que conduzira os
hebreus através do deserto, e os alimentara diariamente com o pão
do Céu. Esse alimento era uma figura do verdadeiro pão do Céu. O
Espírito insuflador de vida, brotando da infinita plenitude de Deus,
eis o verdadeiro maná. Jesus disse: “O pão de Deus é aquele que
desce do Céu e dá vida ao mundo.”
Pensando ainda que era à comida temporal que Jesus Se referia,
alguns dos ouvintes exclamaram: “Senhor, dá-nos sempre desse
pão.” Jesus falou então abertamente: “Eu sou o pão da vida.”
A figura empregada por Cristo era familiar aos judeus. Moisés,
por inspiração do Espírito Santo, dissera: “O homem não viverá só
de pão, mas [...] de tudo o que sai da boca do Senhor.” E o profeta
Jeremias escrevera: “Achando-se as Tuas palavras, logo as comi, e a
Tua palavra foi para mim o gozo do meu coração”.
Deuteronômio
8:3
;
Jeremias 15:16
. Os próprios rabinos costumavam dizer que
o comer do pão, em seu sentido espiritual, era o estudo da lei e a
prática das boas obras; e dizia-se muitas vezes que, na vinda do