Página 341 - O Desejado de Todas as Na

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A crise na Galiléia
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Pedro exprimia a fé dos discípulos: “Tu és o Cristo”. O próprio
pensamento de perder esta âncora de sua alma, enchia-os de temor e
pesar. Ser privado de um Salvador, era andar flutuando em escuro e
tormentoso mar.
Muitas das palavras e atos de Jesus parecem misteriosos a mentes
finitas; mas cada palavra e ato Seu tinha definido propósito na obra
de nossa redenção; cada um era calculado a produzir seus próprios
resultados. Se fôssemos capazes de entender-Lhe os desígnios, todos
pareceriam importantes, completos, e em harmonia com Sua missão.
Conquanto não possamos compreender agora as obras e cami-
nhos de Deus, é-nos possível discernir-Lhe o grande amor, o qual
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se acha à base de todo o Seu trato com os homens. Aquele que
vive próximo a Jesus compreenderá muito do mistério da piedade.
Reconhecerá a misericórdia que dá a repreensão, que prova o caráter
e traz à luz o desígnio do coração.
Quando Jesus apresentou a probante verdade que deu lugar a
tantos discípulos Seus voltarem atrás, sabia qual o resultado de Suas
palavras; tinha, porém, um desígnio misericordioso a cumprir. Pre-
viu que, na hora da tentação, cada um de Seus amados discípulos
seria rigorosamente provado. Sua agonia no Getsêmani, Sua traição
e crucifixão, seriam para eles situações por demais difíceis. Se não
houvessem sido anteriormente provados, muitos que eram atuados
por motivos meramente egoístas, estariam ligados com eles. Quando
seu Senhor fosse condenado na sala do tribunal; quando a multidão
que O saudara como rei O ridicularizasse e injuriasse; quando a es-
carnecedora turba clamasse: “Crucifica-O!” — quando suas terrenas
ambições fossem decepcionadas, esses interesseiros, renunciando a
sua fidelidade a Jesus, teriam ocasionado aos discípulos mais amarga
e opressiva dor, em acréscimo ao pesar e decepção sofridos com
a ruína de suas mais caras esperanças. Naquela hora de trevas, o
exemplo dos que dEle se desviassem poderia arrastar a outros com
eles. Mas Jesus provocou essa crise quando, pela Sua presença, ainda
poderia fortalecer a fé de Seus verdadeiros seguidores.
Compassivo Redentor que, conhecendo plenamente a condena-
ção que O aguardava, aplainava ternamente o caminho aos discípu-
los, preparando-os para a prova de sua vida e fortalecendo-os para a
provação final!
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